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Casa na árvore ajuda moradora de Nova York a passar pela crise econômica

Vista da casa na árvore construída em uma amoreira no quintal do apartamento térreo de Alexandra Meyn, no Brooklyn, em Nova York - Trevor Tondro/The New York Times
Vista da casa na árvore construída em uma amoreira no quintal do apartamento térreo de Alexandra Meyn, no Brooklyn, em Nova York Imagem: Trevor Tondro/The New York Times

STEVEN KURUTZ

Do New York Times

12/11/2011 10h00

Nova York – “Eu acho que todo mundo tem esse lugar especial na cabeça –uma nostalgia primitiva- por uma casa na árvore”, disse Alexandra Meyn, bem confortável em seu refúgio construído no quintal de seu apartamento térreo no Brooklyn. “Os olhos das pessoas brilham quando você conta que tem uma casa na árvore”.

Presa a uma sólida amoreira, a casa na árvore de Meyn invoca a infância apenas se você foi uma criança realmente legal. O interior da casa é coberto por uma colagem de páginas de revistas de moda; um cabo de eletricidade vem direto do quarto e alimenta as lâmpadas instaladas em um fio e um toca-discos. Há ainda morcegos cor-de-rosa na parede, e janelas penduradas como brincos.

Quando terminou a casa, há quase dois meses, Meyn convidou os amigos para uma festa a fantasia. “É divertido subir aqui com as pessoas e conversar, conversar e conversar”, ela diz.

Mas a construção também reflete realidades adultas, como o desejo de Meyn por um abrigo das durezas em torno do bairro onde vive. E o motivo que a levou a empregar energia criativa em uma estrutura tão quixotesca foi apenas um: desde que se formou em design de interiores no Instituto Pratt, em maio deste ano, Meyn não conseguiu encontrar um estágio ou trabalho. “Decidi criar o meu próprio”, diz Meyen, 33, que parece determinada a permanecer otimista mesmo enquanto envia currículos para o espaço.

Aprendizado prático

Ao construir a casa na árvore, Meyn pensou que poderia aprender algumas habilidades práticas do design, o que, de fato, aconteceu. Trabalhando com um orçamento de US$ 400,00, ela aprendeu a encontrar materiais mais baratos. Portas e janelas foram achadas no lixo; tábuas para o piso, tinata e outros itens foram comprados na Build It Green (Construa Verde, em tradução livre), uma organização sem fins lucrativos localizada no Queens que comercializa material de construção bem abaixo do preço.

Meyn também aprendeu a equilibrar um projeto ambicioso com a realidade, o que resultou em uma casa na árvore de 5 m de altura instalada em uma robusta plataforma elevada em vez de suspensa do tronco da árvore, como ela inicialmente planejou. “A casa parece um pouco com um bloco”, ela diz, “mas como é minha primeira, preferi colocar a segurança em primeiro lugar”.

Houve outras lições a respeito de assuntos mais complicados como lidar com imposições para obter permissão da prefeitura para construir (fazer a casa na árvore pequena o suficiente para que se qualifique como um espaço de recreação) e sobre como assegurar sua privacidade quando dorme na casa nas noites de verão.

Quanto a escalar uma equipe de trabalho, Meyn descobriu outra verdade: “é difícil para as pessoas se recusarem quando você diz que está construindo uma casa na árvore”.

Superar a crise e o desemprego

Meyn teve a ideia de construir a casa na árvore há cerca de um ano e meio. Com a ajuda de websites e da leitura de um livro, em outubro de 2010 já tinha a estrutura e a cobertura prontas. Entre junho e setembro de 2011 ela terminou os detalhes: a colagem aplicada nas paredes, o nicho que guarda um pequeno altar, o conserto da dobradiça da porta-balcão, que agora abre para fora, e não para dentro.

A estrutura, um misto de madeira e metal, não esconde sua rusticidade; as superfícies são ora lustrosas, ora ásperas; há elementos refinados e boêmios. É um estilo que reflete a personalidade de Meyn, que é de Nova Orleans. Existe uma estética rústica e original em Nova Orleans, com um tempero que só é possível nos climas quentes”, diz Jason Holmes, amigo e carpinteiro que colaborou na construção.

A casa da árvore de Meyn também provou ser robusta ao resistir ao tornado que atingiu Nova York em dezembro do ano passado. Mais recentemente, a proprietária aplicou sistemas impermeabilizantes para poder usar o espaço de 3,7 m³ como estúdio de pintura. “É uma questão de orgulho”, ela diz, “uma coisa é ter uma casa na árvore; outra é ter um espaço protegido dos elementos”.

Por hora, Meyn continua a procurar um trabalho que lhe permita desenhar projetos maiores. Mas, enquanto espera, ela diz, “ter a casa na árvore ajuda muito”.