'Metralhadora' e 'sádico' são tipos de invejosos; veja outros e saiba lidar com esse sentimento

Todo mundo sabe o que é inveja: aquela raiva lancinante, que chega a doer, ao desejar o que é de outra pessoa. É ruim sentir inveja. E a sociedade condena quem a tem. Por que? O invejoso e invejado Napoleão Bonaparte (1769-1821) dizia: "A inveja é uma declaração de inferioridade". O invejoso é incapaz de celebrar o sucesso alheio, pois realiza uma comparação imediata, na qual sempre sai perdendo. Apesar disso, é um sentimento natural e corriqueiro. "A pessoa sente dificuldade em lidar com a própria impotência e não aceita a frustração", afirma a psicóloga Marta Rita Leopoldo, especialista em terapia junguiana e pós-graduada em neuropsicologia.
A especialista diz que todos nós, de vez em quando, sentimos algum nível de ressentimento ao ver que outros conquistaram coisas que nós ainda não conseguimos. E, às vezes, jamais conseguiremos, como usar manequim 38, ter um carro importado ou ocupar um cargo cobiçado. Porém, a inveja pode de se transformar em motivação, se você resolve economizar para trocar de carro, depois de ver o automóvel novinho e cintilante do amigo, por exemplo. Inaceitável, porém, é ser refém da inveja, a ponto de descuidar da própria vida.
Marta Leopoldo afirma que uma das chaves para compreender essa emoção tão nociva é o passado. “Crianças que não se sentiram amadas, seguras e, principalmente, admiradas por seu pais têm grande chance de se transformarem em adultos invejosos". Na cabeça deles, é como se somente o que os outros possuem têm valor ou importância. Há pessoas que, para camuflar essa sensação, tornam-se consumistas compulsivas e se endividam de maneira drástica. O consumo seria uma forma de obter status e aplacar a inveja.
Tipos de inveja
Uma invejinha leve pode acometer qualquer pessoa, em algum momento da vida. No entanto, isso não significa que o sentimento perdurará. “Ela afeta o indivíduo de modo superficial. Embora ele se sinta incomodado com o sucesso e a felicidade alheios, esse incômodo não é forte o suficiente para mobilizar suas ações e seus pensamentos por muito tempo”, explica o psicólogo Alexandre Bez, especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami e ansiedade e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia.
A inveja moderada inclui um sentimento de injustiça –por que o outro tem e eu não?– e leva a tentar constranger, humilhar ou diminuir o outro para se sentir melhor. Quem a carrega, em geral, é inseguro, com baixa autoestima e não enxerga o próprio valor. "Existe, ainda, a inveja severa, patológica, que segue os comandos de uma estrutura mental psicótica", diz Alexandre, autor do livro “Inveja – O Inimigo Oculto” (Ed. Juruá). Dono de uma lógica distorcida e doentia, esse invejoso não mede esforços para prejudicar o alvo da inveja. Sua mente perturbada pode conduzi-lo a atitudes extremas, por isso exige acompanhamento psicológico.
Língua venenosa e afiada
De acordo com o psicólogo argentino Bernardo Stamateas, autor do livro “Emoções tóxicas – Como Se Livrar dos Sentimentos que Fazem Mal a Você” (Ed. Thomas Nelson Brasil), as pessoas invejosas dão vazão ao seu rancor através das palavras negativas ou depreciativas, que usam para tentar destruir aquilo que cobiçam. Por gastarem tanta energia nisso é que acabam não conseguindo coisas boas para a própria vida. Veja os tipos de linguarudos listados pelo especialista, como agem e suas frases mais comuns:
TIPO DE INVEJOSO | OBJETIVO | FRASE TÍPICA |
Sádico-sarcástico | Humilhar quem teve uma ideia ou se saiu melhor em algo. | "Você poderia ter perguntado qual é a flor favorita da mamãe antes de trazer uma" |
Tiro na cara | Fazer o outro se sentir mal. | "Nossa, o que aconteceu? Você está com uma cara acabada!" |
Metralhadora disparada | Desqualificar conquistas e méritos. | "Então você passou no vestibular, hein? Pena que a faculdade seja tão pouco qualificada nessa área." |
Doce assassino | Esquartejar a paciência ou a autoestima alheia, devagarzinho. | Frase: “Olha, preciso dizer algo que vem me incomodando muito. Não sei se você vai gostar, mas...” |
Intrometido | Ocultar informações sobre a própria vida e fingir que quer ajudar para descobrir coisas. | “Ouvi sua conversa sem querer Você vai mudar seu filho de escola? Tenho nomes ótimos para indicar... Mas o que houve?” |
Eu não | Criticar de modo sutil. | "Não tenho nada contra usar roupas casuais no trabalho, mas você não acha que a sua saia está curta demais?” |
Eu-eu | Parecer melhor, minimizando as ações do outro. | "Não acredito que você esteve em Paris e não foi naquele restaurante incrível que indiquei!" |
Observador | Mostrar que tem razão. | "Viu? Eu bem que avisei!" |
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.