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Geometria é usada em decoração desde a época das cavernas; veja peças contemporâneas para a casa

ANTÔNIO SAMPAIO

Colaboração para o UOL

15/04/2010 07h20

Desde a Idade da Pedra, há mais de sete mil anos, que seres humanos decoram com figuras geométricas as paredes de suas habitações e os objetos que os cercam no dia a dia. Paredes de cavernas e utensílios de cerâmica pré-históricos dão testemunho da antiguidade dessa fascinação pelo geometrismo que acompanha o homem até hoje em móveis, tapetes, luminárias, objetos de decoração e no design de interiores.

Lembre-se que, seja qual for o estilo de geometrismo que você decida aplicar em sua casa – contemporâneo ou com toque retrô, étnico ou urbano –, é importante levar em conta a geometria inerente ao próprio ambiente: o formato da sala ou do quarto, o posicionamento das janelas, das portas, a presença de um arco ou uma viga aparente. Tudo isso deve ser considerado para tirar o melhor partido do que as padronagens e objetos de inspiração geométrica podem oferecer ao seu projeto de decoração.

Alguns estudiosos sustentam que nenhuma corrente dominou por tanto tempo a história da arte quanto o geometrismo, que se estendeu de 5.000 a.C. a 500 a.C., período que abrange grande parte da pré-história e além. Uma extensa coleção de objetos recolhidos por arqueólogos e datados desse período, em diversas partes do mundo, sustentam essa afirmação.

Na antiguidade, culturas ficaram marcadas por determinado tipo de uso decorativo e artístico da geometria. A Grécia antiga consagrou, por exemplo, as faixas de padronagem que ficaram conhecidas como "gregas", e os romanos desenvolveram geometrismos marcantes em seus mosaicos.

Mas talvez nenhuma cultura tenha desenvolvido tanto o uso decorativo da geometria quanto o islamismo, que contou com o conhecimento de astrônomos e matemáticos para criar padronagens ornamentais intricadas baseadas em figuras simples como círculos, quadrados e triângulos.

A influência islâmica chegou à Europa por meio das invasões mouras na península ibérica, por um lado, e pela proximidade do império bizantino, de outro. Na Itália, o geometrismo decorativo atingiu seu apogeu com o chamado estilo "cosmatesco", no século 12. O uso de padrões policromáticos e geométricos fortemente inspirados nos arabescos islâmicos que caracterizam essa arte se espalhou por todo o continente, chegando até a Inglaterra, onde foi usado, por exemplo, no piso da Abadia de Westminster.

Durante o Renascimento, a geometria ganhou um novo significado, com a arquitetura simétrica e fortemente inspirada nas formas clássicas. Padronagens geométricas também podem ser observadas em pinturas, nos tecidos e objetos de decoração retratados na ambientação das cenas, ou para realçar efeitos de profundidade e perspectiva.

Nos séculos seguintes, os geometrismos mais gráficos foram preteridos, em favor de ornamentos ao gosto barroco, em que predominam folhagens, frutas, aves, conchas e outros temas emprestados da natureza.

Na história recente das artes decorativas, no início do século 20, o art déco (principalmente em sua encarnação americana) e a escola Bauhaus foram duas vertentes que, cada uma à sua maneira, resgataram o uso de formas geométricas e a levaram a um novo patamar de rigor e tecnologia.

Nos anos 50 e 60, a geometria ganhou novo impulso com as ilusões de ótica da "op art" e seus grafismos contrastantes. Nos anos 80, foi a vez do chamado Estilo Memphis criar sua interpretação muito própria da geometria, com mistura de materiais, bom humor e uma dose de excentricidade, que se opunha à frieza do minimalismo dominante na época.