Como lidar com a mão de obra

Antes de se transformar na casa dos seus sonhos, o imóvel - mesmo que seja novo - vai ter de passar por uma reforma. Para ter o resultado mais próximo possível do imaginado, uma etapa crítica é a da contratação da mão de obra. Afinal, nem os melhores materiais resistem a profissionais mal qualificados.
Como fazer para escolher o pessoal certo e não ter aquelas dores de cabeça típicas de obras, como atrasos, sumiços de trabalhadores, estouro de orçamento, sem falar em serviços mal feitos. Assim, da contratação do arquiteto à do pedreiro, é necessário muito cuidado.
De acordo com os entrevistados pela reportagem do UOL, a melhor forma de encontrar bons profissionais para uma reforma é no “boca a boca”, de maneira informal. “As referências de mão de obra são adquiridas informalmente mesmo. Procure falar com os vizinhos e conhecidos sobre os serviços anteriores prestados e peça os contatos”, afirma Haruo Ishikawa, vice-presidente de relações capital-trabalho do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).
É razoável que se pergunte para amigos e outras pessoas do mesmo prédio que tenham realizado reformas sobre a recomendação de profissionais. Também é possível encontrar profissionais de construção civil pela internet e em guias (como as páginas amarelas). A carteira de trabalho destes profissionais indicará sua profissão, mas o melhor é obter referências dos profissionais com empresas ou pessoas para as quais já tenham prestado serviço. Vale a pena também visitar uma obra que o profissional tenha executado, e conferir se a o trabalho foi feito com capricho.
Seja o mestre da sua obra
É importante que o cliente seja amigável e simpático com o pessoal da mão de obra, o que torna o ambiente melhor durante a execução da reforma.
Converse sobre o trabalho e comente o que espera do resultado final.
Lide com os funcionários sempre por intermédio de um líder e com educação.
Quem dá bronca à toa termina sem autoridade.
“Sempre trate o profissional com respeito e educação. Fiscalizar os serviços e comandar com educação não irrita o profissional”, diz o engenheiro Rafael Queiroz.
Explique com cuidado porque é importante tomar cuidado com determinadas tarefas.
O uso de gírias e de uma forma de se expressar mais informal, como "dá um talento especial na pintura desse forro" são comuns e bem compreendidos pelas equipes.
Se estiver preocupado com um prazo, vale combinar uma “caixinha” e pedir a execução antecipada.
Pequenas gratificações são bem-vindas entre os profissionais, mas não exagere.
O professor do Senai, Luiz Roberto Gasparetto, aconselha a contratação do profissional por preço justo e alinhado ao praticados por profissionais qualificados que atuam no mercado.
O arquiteto Fernando Forte, do escritório FGMF, dá uma dica sobre a contratação para reformas. “Infelizmente, no Brasil a mão de obra da construção civil é muito pouco especializada. Contudo, insista na procura por profissionais que tenham alguma especialidade”.
Uma vez iniciada a obra, o morador deve fazer o máximo de visitas possível e sempre buscar avaliar se os diferentes profissionais estão alinhados com o resultado final da obra. Mesmo caso exista um engenheiro ou arquiteto gerenciando o trabalho, é recomendável checar a obra uma vez por semana.
É comum que se faça um contrato formal, mas isso depende muito do tipo de profissional e dos valores envolvidos. Se optarem pelo contrato, cliente e profissionais devem estabelecer prazos de execução, datas de pagamentos (sempre vinculadas à entrega de alguma etapa do trabalho), valores, definição do escopo, responsabilidades (como atender às normas e executar com qualidade) e garantias.
Quando se trata de pequenas reformas, é raro que se queira registrar algum tipo de contrato em cartório. Neste caso, o mais fácil é controlar os pagamentos de acordo com as etapas concluídas do trabalho.
O coordenador técnico da Escola Senai de Construção Civil, Luiz Roberto Gasparetto, aconselha estabelecer um contrato de prestação de serviço com identificação do prestador e tomador de serviços. “Procure esclarecer uma proteção das duas partes envolvidas no negócio e quais são as responsabilidades de cada uma das partes, inclusive com relação à aquisição dos materiais, equipamentos e ferramentas a serem utilizadas durante a realização do serviço”, diz.
Arquiteto para uma simples reforma?
A contratação de um arquiteto para planejar uma obra é aconselhável na medida em que as reformas necessárias se tornam mais complexas. Ao contratar um profissional para supervisionar o projeto, você é bem assessorado no que deseja, consegue planejar a obra com calma, organiza melhor a contratação da mão de obra, estima de forma muito mais clara quanto tempo a obra irá demorar, faz orçamentos mais precisos e adequados, recebe a indicação de bons profissionais, lojas e produtos.
Quanto custa afinal?
O morador de um apartamento de 200 m² deseja aumentar o living incorporando um quarto ao espaço.
Também quer trocar os revestimentos e metais de dois banheiros e da cozinha, que será integrada ao estar, no estilo americano.
Para completar, ele quer trocar o revestimento do piso de todo o imóvel (menos o das áreas molhadas) por carpete de madeira.
O arquiteto Fernando Forte, sócio do escritório FGMF e colunista de UOL Casa e Imóveis, estima o custo de uma reforma desse porte em, no mínimo, R$ 8 mil, se bem detalhada.
Mas ele reconhece a dificuldade em estimar o valor de uma reforma desse tipo.
“O padrão, os materiais, a forma de gerenciamento e outras variáveis influenciam muito o preço”, diz, e completa, “em termos de projeto, isso também varia conforme o profissional e o tipo de intervenção que o cliente deseja”.
Acima de tudo, o planejamento evita mudanças bruscas de ideia na obra, o que elimina ou pelo menos minimiza o retrabalho, que gera desperdício, atrasos e muita irritação em todos os envolvidos.
O acompanhamento da obra por um arquiteto custa entre 12% e 15% do valor total da reforma. Se não puder fazer a obra com um arquiteto ou engenheiro, o melhor é conseguir indicação destes profissionais com pessoas que já tenham trabalhado com eles. Um mestre de obras custa em torno de R$ 2 mil por mês. Vale à pena se for para uma obra um pouco maior e mais complicada.
Assegurar-se de que trabalhos estão sendo executados de acordo com as normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas - órgão responsável pela normalização técnica no Brasil), é outro motivo a favor se contrate a supervisão de um engenheiro responsável ou arquiteto.
“Se for constatada danificação em instalações que prejudiquem o vizinho, por exemplo, a responsabilidade é de quem foi contratado”, afirma o engenheiro Carlos Kaspar, da Itaim Empreiteira de Mão de Obra. “Se houver danos a terceiros, a responsabilidade é do contratado e não do morador”, diz.
Para Luiz Roberto Gasparetto, do Senai, é importante a utilização de ferramentas e equipamentos adequados e apropriados, eliminando o risco de improvisações que só contribuem para um serviço de má qualidade, imprecisões, adaptações, danos aos aparelhos e instalações já existentes e riscos de acidentes. Também se deve atentar para a observação das normas, procedimentos e recomendações de fabricantes na aplicação dos produtos.
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