Topo

"Mulheres são todas iguais", diz cartunista argentina Maitena

A cartunista Maitena dá entrevista para a TV UOL - Reprodução/TV UOL
A cartunista Maitena dá entrevista para a TV UOL
Imagem: Reprodução/TV UOL

Da Redação

16/06/2006 20h00

A cartunista Maitena é hoje lida em mais de vinte países. Jornais como o espanhol "El País" e o francês "Le Figaro" publicam suas tiras, que abordam, com muito humor e autocrítica (em relação à condição feminina), as loucuras e idiossincrasias da mulher contemporânea.

No Brasil para lançar seus dois mais recentes livros - "Curvas Perigosas Volume 1" e "Curvas Perigosas Volume 2" (Editora Planeta) - a desenhista argentina falou com a TV UOL. A seguir, confira trechos traduzidos da entrevista, realizada em espanhol. Ao lado, assista à conversa em vídeo.

UOL - Quais particularidades você destacaria destes dois novos livros?

Maitena - Há menos registro apenas do mundo feminino e um registro mais amplo do mundo em geral, sob a ótica de uma mulher, mas falando de outros assuntos, como consumo, moda, realidades sociais. Tentei captar um pouco o espírito contemporâneo. Há muitas coisas que servem tanto para os homens quanto para as mulheres. Aliás, me dou muito bem com os homens e acho que se divertem muito lendo meus livros, porque falo muito mal das mulheres. Com carinho, claro, mas falo muito pior das mulheres do que dos homens, afinal, meu foco são elas.

UOL - Quantas vezes veio para o Brasil? Qual a imagem que tem das mulheres brasileiras?

Maitena - Esta é a terceira vez que visito o Brasil e não vejo as mulheres brasileiras muito diferentes das mulheres de qualquer grande cidade, especialmente as paulistas e cariocas, que são com as quais tenho trabalhado. O que acontece é que hoje é cada vez mais difícil dizer "a mulher brasileira", como se fosse uma só classe de mulheres. Pelo meu trabalho, as mulheres que conheço são muito parecidas, tanto em Paris, como em Madri, em México, Buenos Aires. No mundo urbano e ocidental, mulheres e homens são muito parecidos, e essa é uma das explicações para que o humor que faço na Argentina funcione também em países como a Islândia.

UOL - Na sua opinião, então, pode-se dizer que as mulheres são todas iguais?

Maitena - Sim. Quer dizer, não somos todas iguais, mas nos passam as mesmas coisas. Há uma escala mais ou menos parecida de valores que faz com que sejamos felizes e infelizes pelos mesmos motivos, em todos os lugares. Eu sempre pensei, por exemplo, que as francesas não choravam por amor, ou não roíam as unhas esperando um telefonema. Sim, elas choram por amor, róem as unhas, e fiquei muito feliz por saber isso (risos).

Eu tinha um preconceito em relação às mulheres brasileiras e foi muito engraçado quando cheguei aqui, porque dizia para as jornalistas: "Vocês são muito arrojadas sexualmente, são muito liberais". E elas me respondiam: "Nããão, sou muito complexada, sofro com isso, com aquilo". E aí pensava: "Hummmm, que interessante".
(por Carolina Vasone)