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Fashion Rio cresce em tamanho e importância e vai além dos biquínis e da moda comercial

Desfile de Karlla Girotto no Fashion Rio (18/06/05) - Alexandre Schneider/UOL
Desfile de Karlla Girotto no Fashion Rio (18/06/05)
Imagem: Alexandre Schneider/UOL

CAROLINA VASONE<br>Enviada especial ao Rio

20/06/2005 01h15

Encerrado no último domingo (19), o Fashion Rio, semana de moda carioca, se consolida no calendário da moda nacional como um evento grande, diversificado (com o crescimento e destaque de marcas que não fazem apenas moda praia), e preocupado em discutir também o aspecto comercial da moda.



Em seis dias de evento, apresentaram-se 46 marcas "embutidas" em 36 desfiles, com estilistas de várias regiões do país e com experiências diversificadas - com participação de marcas estabelecidas como Salinas ou jovens talentos como Alessa, mais tradicionais como Lenny ou vanguardistas como Karlla Girotto.



"A moda apresentada no Rio parece ter uma grande preocupação com o uso", considera Mariana Rocha, comentarista de moda UOL e professora da faculdade Santa Marcelina e do MBA do Instituto Brasileiro de Moda. "Mas o que se viu em algumas dessas coleções é que essa preocupação 'comercial' veio aliada a uma vontade de mostrar informação de moda", conclui.



Entre os destaques deste evento com orçamento de R$ 5 milhões, a presença da top Gisele Bündchen e de várias celebridades (cada vez mais na platéia e menos na passarela, o que revela também mais compromisso com a moda e um pouco menos com a mídia) e tropeços como a desistência, na última hora, da participação da nova marca de Marcelo D2, Manifesto 33 1/3, deram o que falar. A moda, no entanto, também resultou em assunto e ótimos negócios.



O Fashion Business - feira para os compradores de marcas participantes ou não do Fashion Rio - chegou ao valor recorde de vendas de R$ 360 milhões, 20% a mais que a edição Primavera-Verão de 2004.



Entre as apresentações mais relevantes, Mariana Rocha chama a atenção para Karlla Girotto - tanto na Animale como na própria marca - para a moda praia da Salinas e da Lenny, para o Rio Moda Hype, Alessa e Lei Básica.



Karlla Girotto trocou as performances das edições passadas por um desfile convencional para apresentar seu verão 2006 e, com essa mudança, ao invés de enfatizar o questionamento dos limites entre moda e arte performática na maneira de apresentar seu trabalho, Karlla trouxe essa discussão para as roupas em si. Assim, a estilista conseguiu criar uma coleção instigante e viável comercialmente, que preserva sua verve criativa e inquietação, à qual deu o nome pertinente de "Fronteira".



Na Animale, Karlla Girotto mostrou uma coleção étnica e sexy. O tema da viagem e do encontro com várias culturas foi bem explorado, especialmente nas amarrações que remetem a vestimentas africanas e nos shorts, tipo fraldão indiano, bem como na estampa de bichos: zebras, oncinhas e outros animais.



O estilista Ronaldo Fraga garantiu o sucesso da coleção de verão da Lei Básica, segundo Mariana. A genialidade do designer ganhou glamour e mais viabilidade comercial na coleção de verão da marca capixaba.



A Alessa abriu sua casa para o público, com uma performance que trouxe a fantasia e o sexo para o cotidiano. Estampas, calcinhas e cores revelaram uma moda divertida e despretensiosa. O fato da estilista compartilhar de sua intimidade com os convidados demonstra uma transparência que é refletida no seu trabalho.



Já a Salinas usou Carmen Miranda para construir uma coleção de moda praia criativa, colorida, com perfume dos anos 40, com garotas coquetes vestindo os frufus, as bolinhas, os xadrezinhos de seus maiôs e biquínis.



A Lenny, o outro destaque entre os desfiles da famosa moda praia carioca, lançou biquínis e maiôs, peças pautadas pela funcionalidade, que, com acabamentos detalhados e preciosos, viram "bijoux". O resultado é chique e sofisticado, bem ao estilo da marca.



Para finalizar, o projeto Rio Moda Hype já merece aplausos pela iniciativa, mas, além da boa intenção, traz nomes que merecem destaque, como Carpe Diem, Charlotte e Fleshbeckcrew.



A Carpe Diem fez um mix chique entre alfaiataria e "surfwear". Já o desfile da Charllotte foi gracioso, jovem e de proporções acertadas. Teve a "menina-mulher" como foco de atenção. E o Fleshbeckcrew fez uma mistura bem-sucedida de referências, no caso, da alfaitaria das calças e bermudas com a moda hiphop nas camisetas e estampas, com destaque na dimensão oversized das peças e na maneira de usá-las.