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Estilista brasileira Gloria Coelho exibe sua coleção na Passarela Cibeles

Convidada em Madri, a estilista Gloria Coelho mostra sua coleção - EFE
Convidada em Madri, a estilista Gloria Coelho mostra sua coleção
Imagem: EFE

13/02/2008 13h40

Mercedes Vermelho Madri, 13 fev (EFE).- A estilista brasileira Gloria Coelho, convidada especial da Passarela Cibeles, apresenta hoje no top da moda espanhola uma coleção de inverno fiel a seu espírito da década de sessenta e a seu gosto pela "excentricidade", embora ela mesma diga que se trata de um "novo estilo clássico".

Vestida de preto da cabeça aos pés - oposto da imagem que se espera de alguém que acaba de aterrissar na Europa vinda do Brasil - a desenhista revelou em entrevista à agência Efe que se sente mais identificada com a Inglaterra, Escandinávia ou Japão do que com alguns aspectos do seu país.

"Eu não tenho muitas características brasileiras, porque eles são muito sexies, e minha sexualidade é um pouco diferente", diz.

No entanto, ela carrega o espírito alegre típico do país e explica que seu êxito na América, Europa e Ásia se deve ao fato de que no mundo hoje existe uma "identificação de tribos".

"Eu olho uma pessoa no Japão ou Paris e penso que aquilo se aproxima do meu gosto, o que significa que muitas pessoas no mundo pertencem a um mesmo grupo", explicou a estilista, que desfila suas criações no São Paulo Fashion Week.

Gloria detalha que a coleção apresentada em Cibeles é uma homenagem à fotógrafa americana Diane Arbus, conhecida por suas fotos com pessoas "marginais", como doentes mentais, gigantes, famílias disfuncionais, fenômenos de circo, etc.

"Ela retratava coisas muito estranhas", disse a estilista, citando uma série de imagens que a fotógrafa realizou com um personagem circense que possuía "síndrome de lobo", com pêlos parecidos ao de animais por todo o corpo.

Assim, sua coleção, que utiliza cabelos artificiais em diferentes texturas, "é a reflexão" deste trabalho de Arbus, afirmou.

Embora seja "original" em seus gostos, a estilista fez questão de ressaltar que sua roupa corresponde a um "novo" estilo "clássico", caracterizado por ser fácil de ser usado por qualquer mulher, mas com o selo de Gloria Coelho.

Seu amor pelas crianças - confessa que queria ter cinco filhas, mas só é mãe de um menino - a levou a desenhar roupa para jovens desde os 13 anos, que dividem espaço em seu ateliê com mulheres acima dos 50.

Convencida que a moda "ajuda a compreender o pensamento do momento", Gloria sustenta que as tendências da moda são influenciadas pelos principais eventos de cada época.

Ela citou, por exemplo, os atentados às Torres Gêmeas de Nova York em 11 de setembro de 2001, como um fato que interferiu na moda, que começou a refletir a concepção de um novo mundo inseguro.

A estilista mostra-se preocupada com a concentração de empresas têxteis "nas mãos dos ricos" e destaca que na América Latina ainda se pode trabalhar com o espírito das "oficinas" francesas que fazem a "moda por amor".

Uma produção que, segundo ela, compartilha o mesmo espaço com jogadas rápidas de peças dedicadas ao mar, ao surfe ou à montanha.

Glória diz que a vanguarda chega pelas mãos dos jovens, "porque são livres", e o melhor exemplo o encontra em seu país.

"O Brasil é muito livre", afirma a estilista, que menciona a capacidade "assombrosa" da população mais pobre de fazer uma moda "linda" com materiais reciclados.

Admiradora do genial costureiro Cristóbal Balenciaga, Gloria aprecia o trabalho da desenhista espanhola Sybilla e do cineasta Pedro Almodóvar.

Porque, como revela, suas fontes de inspiração estão tanto no cinema, como no estilismo, na fotografia ou na natureza.

"Se você ama a moda, então trabalha com ela, porque a moda não é o glamour que todos pensam, é um trabalho de operário", conclui Gloria Coelho, escolhida por sua ampla e bem-sucedida trajetória para representar o Brasil na Cibeles, a grande vitrine da moda espanhola.

Uma passarela que hoje recebeu, entre outros, os trabalhos dos espanhóis Aitor e Iñaki, integrantes da firma Alianto, que se inspiraram na estética de Nova York dos anos setenta para o próximo outono; e com Alma Aguilar que vestiu a "princesa hippie" do século XXI.
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