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Cantor pop passou 14 anos sem usar xampu: você deveria fazer o mesmo?

Gary Barlow, da banda Take That, é adepto do método no-poo - Reprodução/Instagram.com/officialgarybarlow
Gary Barlow, da banda Take That, é adepto do método no-poo Imagem: Reprodução/Instagram.com/officialgarybarlow

02/02/2017 13h24

O cantor da banda de pop Take That Gary Barlow revelou no Twitter que lavou o cabelo nesta semana pela primeira vez em 14 anos. Em um post, ele escreveu: "É um dia tão importante, lavei meu cabelo. Primeira vez em... 14 anos! #sembrincadeira". Alguns fãs chegaram a perguntar: "A água saiu marrom"? E ele respondeu : "de jeito nenhum".

Barlow tinha abandonado o uso de xampu ou sabonete no processo de limpeza, apenas passa o cabelo na água. E ele não está sozinho. O jornalista britânico Andrew Marr, já havia admitido, em 2006, que não usava mais xampu porque representava "um custo alto para o meu bolso e para o meio ambiente". "No começo, o cabelo ficou muito oleoso, mas parou depois de dez dias", disse.
 
Outras pessoas que abandonaram o xampu citam que problemas como caspa e outros apenas testaram ficar sem o produto para observar como o cabelo se comportava. No Brasil, a tendência vem sendo chamada de "no poo". Outro método que vem sendo testado é o do "low poo" que seria o uso de xampus sem sulfatos.
 
A tendência ganhou força com a publicação de alguns livros sobre o assunto, como "Happy Hair: The definitive guide to give up shampoo" (Cabelo feliz: o guia definitivo para abandonar o xampu, em tradução livre), de Lucy Aitken Read.
 
No Brasil, várias blogueiras e editoras de moda já admitiram usar o método. 
Em tweet, Gary Barlow revelou que passou 14 anos sem usar xampu - Reprodução/Twitter.com/GaryBarlow - Reprodução/Twitter.com/GaryBarlow
Em tweet, Gary Barlow revelou que passou 14 anos sem usar xampu
Imagem: Reprodução/Twitter.com/GaryBarlow
 

É uma boa?

Mas será que é uma boa ideia parar de lavar o cabelo? Algumas clínicas especializadas em cabelos no centro de Londres recomendam que as pessoas evitem adotar o método "no poo".
 
"Somente enxaguar seu cabelo não vai ser suficiente para remover as bactérias ou tirar o excesso de oleosidade do couro cabelo se você tem cabelos oleosos. É compreensível evitar o uso de ingredientes químicos muito fortes, mas há produtos de boa qualidade e sem químicos disponíveis no mercado", disse Anabel Kingsley, tricologista da clínica Philip Kingsley em Londres.
 
O dermatologista Otavio Macedo recomenda a lavagem, e diz que a frequência depende de fatores como tipo de cabelo e couro cabeludo, clima, uso de produtos para modelar o cabelo e estilo de vida. "Cabelos secos pedem menos lavagens, com hidratação mais poderosa, enquanto os oleosos precisam de limpeza mais frequente, para retirar o excesso de lipídios e resíduos produzidos pelo corpo ou acumulado por fatores externos", esclarece.
 
Macedo diz que quem mora em regiões praianas e de clima quente precisa de ainda mais cuidados com o cabelo e lavagens mais frequentes, porque esses ambientes acabam favorecendo o acúmulo de danos aos cabelos. Para ele, a mesma regra vale para quem pratica exercícios físicos ao ar livre.
 
"Essas pessoas devem lavar o cabelo diariamente ou quando realizar estas atividades, para retirar as substâncias externas e excesso de oleosidade que se acumulam e também proteger, hidratar e reparar contra os danos do sol, cloro, entre outros".
 
Mark Coray, ex-presidente da Federação Nacional de Cabelereiros da Inglaterra, também não vê benefícios em não lavar os cabelos.
 
"O xampu não é abrasivo e não danifica o couro cabeludo. Os ingredientes contidos no produto ajudam o cabelo a ficar brilhante. Sem ele, óleos capilares podem começar a acumular para parecer que ele está mais brilhante e ajeitado, mas não vai se autolimpar", afirmou.
 
Anabel Kingsley, da clínica Philip Kingsley em Londres, concorda. "Imagine se você não lavar suas axilas ou seu rosto por uma semana - a mesma lógica se aplica ao cabelo e ao couro cabeludo. Ou seja: eles ficarão cobertos com sujeira, ficarão com cheiro ruim, oleosos e com escamações".
 
Já para o argumento da contenção de custos, há pouco o que contestar. Um estudo do banco de investimentos Goldman Sachs estimou em 2014 que a despesa global na indústria de produtos para o cabelo é de US$ 38 bilhões (R$ 119 bi) por ano e cresce anualmente a uma taxa de 7%.