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Com mensagens em calcinhas, mulheres fazem campanha contra machismo e violência

08/03/2015 11h42

São fotografias de mulheres com calcinhas. Mas não do tipo comum em propagandas. As imagens buscam transmitir uma mensagem bem diferente das usadas pela publicidade: as fotos foram uma resposta à convocação feita pelo artista Alexsandro Palombo, que buscava realizar uma campanha contra a violência sexual por causa do Dia Internacional da Mulher, celebrado neste domingo.

Palombo pediu que mulheres de todo o mundo escrevessem mensagens em calcinhas contra o machismo e a violência de gênero.  No mundo, mais de um terço das mulheres já sofreram algum tipo de violência física ou sexual, de acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o número de casos de estupro (com vítimas homens e mulheres) chega a 50 mil por ano.
 
O resultado deste esforço foi uma série de fotos compartilhadas junto a hashtag #BriefMessage (mensagem breve, em inglês). "Somos muito mais do que isso", escreveu uma das participantes, destacando o fundilho da peça com um quadrado vermelho. "Só os fracos usam de violência", afirmou outra, denunciando agressões contra mulheres. "Não sou um objeto, mas uma pessoa", destacou uma terceira. "Olhe-me nos olhos", pediu mais uma participante: "mulheres são guerreiras. Fim aos abusadores". "Sem estupros", pediu outra e "Somos muito mais do que isso", afirmava mais uma mulher.
 
Feminicídio
 
O feminicídio foi tema de uma nova lei aprovada no Congresso Brasileiro na última semana. O texto prevê penas mais duras para o assassinato de mulheres "por razões da condição de sexo feminino". A proposta inclui o feminicídio no Código Penal como homicídio qualificado, cuja pena pode variar de 12 a 30 anos. Isso significa uma punição mais severa do que a prevista para homicídio simples , que é de seis a 20 anos.
O país já tinha uma legislação contra a violência doméstica contra a mulher. Criada em 2006, a Lei Maria da Penha estabelece não só punições, como prevê também políticas públicas preventivas e para melhorar o atendimento e a proteção das vítimas. A inclusão do novo crime no Código Penal foi amplamente comemorada por movimentos feministas, mas muitos acreditam que haverá dificuldades no cumprimento da disposição legal. A lei deve ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira (9).
 
Estupros no Brasil
 
No Brasil, pouco mais de 50 mil casos de estupros (o que inclui mulheres e homens entre as vítimas) foram registrados em 2013 pela polícia, de acordo com 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em novembro do ano passado. O número é ligeiramente superior ao de 2012, quando houve 50.224 casos, mas a média por 100 mil habitantes caiu de 25,9 para 25. Ainda assim, o estudo destaca que apenas 35% das vítimas costumam denunciar o crime, o que poderia fazer com que o número de casos no país chegasse a 143 mil.