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Exame aumenta em 15% taxa de gravidez em fertilização in vitro

Caroline Parkinson<br><br/> de Barcelona para a BBC

09/07/2008 13h23

Um novo exame desenvolvido nos Estados Unidos verifica a "impressão digital" química do fluido que cerca os embriões usados em tratamentos de fertilização in vitro (IVF, na sigla em inglês) para identificar qual poderá ter mais chances de se desenvolver depois de implantado.

Segundo os cientistas da Universidade de Yale, o ViaTestE pode aumentar em 15% as taxas de gravidez em tratamentos de fertilização in vitro.

O novo método, que começará a ser testado no final deste ano, poderá substituir os atuais processos de seleção de embrião em laboratórios, realizados através de exames com microscópios.

"O objetivo de todos é fazer com que as pacientes fiquem grávidas, então o grande impacto do uso deste dispositivo seria a melhoria nas taxas de gravidez de 10% a 15%, e parece que há o potencial para isto", disse Denny Sakkas, professor associado de obstetrícia e ginecologia na Universidade de Yale, que participou do estudo.

"E com a mudança para a transferência (para o útero) de um único embrião, selecionar o certo será cada vez mais importante", acrescentou.

A preferência pela implantação de um único embrião para cada tratamento vem aumentando, porque o procedimento evita a gestação múltipla.

Fluido
O novo exame foi apresentado durante a conferência da Sociedade Européia para Reprodução Humana e Embriologia, em Barcelona.

O ViaTestE mede a atividade metabólica de uma amostra de fluido que cerca o embrião usando espectrofotometria, com o uso de luz infravermelha, para medir a atividade dos metabolitos - as substâncias produzidas pelo embrião.

A equipe de Yale testou cerca de 500 amostras de fluido que cerca o embrião, sem saber qual dos embriões tinha sido implantado com sucesso. Estes embriões também já tinham sido analisados em clínicas, com os métodos tradicionais.

Os testes nas clínicas obtiveram uma taxa de exatidão de 40% na identificação dos embriões que se desenvolveram em fetos viáveis.

O novo exame aumentou esta taxa para entre 60% e 70%. A partir destes e de outros resultados, os cientistas acreditam que o uso do ViaTestE pode melhorar as taxas de gravidez entre 10% e 15%.

Os testes com o novo exame começam no final de 2008 na Holanda e Suécia.
Daniel Brison, um dos diretores do Centro de Células-Tronco Embrionárias North West, de Manchester, na Grã-Bretanha, afirmou que a nova técnica usada no exame "é muito promissora".

"Se pudermos escolher melhor o embrião com mais chances então poderemos aumentar a eficiência do IVF, progredir para as transferências de um único embrião e reduzir o risco para as mães e bebês", afirmou.

Mas, para Brison, ainda é necessário fazer mais pesquisas para confirmar a utilidade do exame.