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Grupo têxtil propõe a funcionários vagas em fábrica no Brasil como opção a demissões

04/04/2008 18h43

A filial francesa de um grupo têxtil italiano propôs a alguns de seus funcionários vagas em sua fábrica no Brasil, com remuneração equivalente a um terço do salário mínimo na França, como alternativa às demissões previstas.

A proposta chocou os empregados da Staf, que produz fios de poliéster tingidos.

A empresa francesa, situada na região de Pas-de-Calais, no norte do país, é uma filial da companhia italiana Sinterama, que possui oito fábricas no mundo, uma delas na cidade brasileira de Alfenas, em Minas Gerais.

De acordo com a proposta, os sete funcionários que vão ser demitidos poderiam em vez disso ser enviados ao Brasil, onde receberiam um salário mensal de 350 euros (R$ 940).

Além do Brasil, a Staf oferece também a possibilidade de trabalhar na usina do grupo na Turquia por um salário ainda menor, de 230 euros (R$ 621). Na França, esses empregados recebem cerca de 1.030 euros (R$ 2.781).

1º de abril
"A empresa nos oferece essa alternativa sabendo que nós não vamos aceitar", diz o funcionário Alain Leclercq, que tem até o dia 10 de abril para tomar uma decisão.

"Tenho mulher, três filhos, uma casa", acrescenta Leclercq. "Como vou me mudar repentinamente para o Brasil?"

Ao receber no início deste mês uma carta da empresa com a proposta, o funcionário diz ter imaginado que se tratava de uma brincadeira de "1º de abril".

"Entendo que a proposta da empresa possa chocar, mas só temos vagas no Brasil e na Turquia", afirma Renzo Raggio, diretor de recursos humanos do grupo Sinterama.

"Na Itália, também temos problemas de demissões e não podemos oferecer postos de trabalho na Europa", completa Raggio.

Legislação
A lei francesa obriga as empresas a tentar encontrar trabalho para seus empregados em caso de demissões por motivos econômicos.

O grupo Sinterama tem 850 empregados no mundo e fatura 130 milhões de euros (cerca de R$ 350 milhões) por ano.

No Brasil, a fábrica de Alfenas atua no processo de tingimento do fio de poliéster. A unidade brasileira, que recebeu investimentos de US$ 10 milhões, foi inaugurada em 2003, em parceria com a empresa americana Unifi.

A empresa francesa, inaugurada em 1997, havia recebido recursos públicos para criar empregos na região.