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Casal britânico quer plástica para filha com Down

10/03/2008 13h31

Os pais de uma menina de dois anos que tem síndrome de Down querem submeter a filha a uma cirurgia plástica para ajudar a criança a "sentir-se mais aceita pela sociedade" e "aumentar sua auto-estima", diz uma reportagem publicada na edição desta segunda-feira do jornal britânico Daily Mail.

Ophelia é filha de um renomado cirurgião plástico britânico, Lawrence Kirwan, e de sua esposa Chelsea, que já se submeteu a mais de dez cirurgias plásticas.

De acordo com eles, a decisão sobre o procedimento cirúrgico de correção das deficiências físicas causadas pela síndrome será tomada se, ao atingir os 18 anos, a menina for tratada de maneira injusta por causa de sua aparência.

"Não é certo que a Ophelia e outras crianças como ela sejam julgadas pela aparência - especialmente se, ao tentarem conseguir um trabalho que poderiam fazer, elas forem rejeitadas. É uma questão de auto-estima: se você não está feliz consigo mesmo, por que não mudar alguma coisa? Tudo o que queremos é que Ophelia seja feliz", disse o pai ao jornal.

Precedentes
Este não é o primeiro caso sobre cirurgia plástica em crianças com síndrome de Down a chamar a atenção da imprensa britânica.

Em 1998, a história da menina Georgia Bussey, que aos cinco anos já havia sofrido três cirurgias plásticas, gerou polêmica depois da exibição de um documentário na televisão britânica.

Os pais de Georgia, Kim e David Gallagher, também afirmaram que "só queriam o bem para a filha" ao decidir submeter a criança às cirurgias.

A primeira encurtou a língua da menina para que ela parasse de aparecer para fora da boca, a segunda removeu uma porção de pele das pálpebras para evitar a aparência associada à Síndrome e a terceira fixou suas orelhas para trás para evitar que aparecessem demais.

"Desconforto"
A Associação de Síndrome de Down do Reino Unido questiona a vontade dos pais em submeter os filhos ao procedimento cirúrgico, "com todo o desconforto e riscos que a cirurgia envolve".

"Esconder a deficiência de uma criança pode confundir não apenas a sociedade, mas a própria criança", afirmou um porta-voz da instituição. A sociedade precisa aprender a aceitar as pessoas com a Síndrome de Down pelo que elas são."

A síndrome de Down causa deficiência mental, além de estar associada a outras condições como doenças cardíacas, leucemia e mal de Alzheimer em crianças. Ela ocorre quando uma criança possui três cópias do cromossomo 21, em vez das duas normais.

As estatísticas sobre a incidência da síndrome de Down são nebulosas no Brasil, mas segundo uma estimativa com base no censo de 2000, do IBGE, há cerca de 300 mil portadores da síndrome no país.