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Danos a espermatozóide podem ser passados para filhos, diz estudo

19/02/2008 12h27

Defeitos nos espermatozóides causados pela exposição a toxinas presentes no meio ambiente podem ser passados para futuras gerações, segundo um estudo da Universidade de Idaho, apresentado nesta semana no encontro da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo os cientistas, os pais que bebem e fumam devem estar cientes de que eles estão, potencialmentem, não apenas prejudicando a si mesmos, mas também seus filhos.

De acordo com Matthew Anway, que liderou o estudo, a pesquisa demonstra que defeitos causados pelas toxinas nos genes permanecem na linha reprodutiva da família, afetando até quatro gerações.

O estudo sugere que a saúde do pai tem papel mais importante sobre a saúde das futuras gerações do que se pensava.
Pesticida

Para realizar a pesquisa, os cientistas injetaram um pesticida chamado vinclozolin - conhecido por prejudicar os hormônios - em embriões de ratos.

A substância química provocou alterações genéticas no espermatozóide dos machos, inclusive uma série de mudanças associadas à forma humana de câncer de próstata.

Os ratos expostos à substância apresentaram sinais de danos e crescimento exagerado da próstata, infertilidade e problemas de rim. Os efeitos perduraram por até quatro gerações seguidas.

Anway ressalta que a quantidade de pesticida usado no estudo foi maior do que qualquer humano poderia ser exposto. No entanto, de acordo com ele, a importância da pesquisa é demonstrar que um filho homem pode herdar os problemas dos genes do pai já que os genes alterados permanecem na linha reprodutiva.

A especialista em reprodução humana Cynthia Daniels, da Universidade Rutgers, em Nova Jérsei, afirmou que é preciso que os homens tomem cuidado.

Segundo ela, homens que bebem muito álcool apresentam taxas mais altas de defeitos no espermatozóide e a nicotina do tabaco também chega até o esperma, além do sangue.

"As substâncias que têm um impacto na reprodução normalmente também são cancerígenas. Se eu fosse homem, não beberia e nem fumaria se estivesse tentando ter um filho", afirmou Daniels.

Daniels afirma ainda que, historicamente, mulher sempre foi indicada como responsável pela saúde dos filhos.