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Milão oferece aula de artes marciais contra assalto

Assimina Vlahou<BR><br/> De Roma para a BBC Brasil

18/02/2008 12h27

A prefeitura de Milão anunciou que vai oferecer cursos de artes marciais gratuitos para comerciantes que trabalham em locais alvos de assaltos, como bancas de jornais, postos de gasolina, tabacarias, joalherias, táxis e farmácias.

A iniciativa é uma resposta ao apelo feito por diversas categorias à prefeitura por mais proteção contra a violência. Os dados mais recentes sobre a criminalidade em Milão ainda não foram divulgados, mas as autoridades anunciaram que houve um aumento da violência.

"Registramos um aumento no número de assaltos, sobretudo por parte de imigrantes clandestinos, que em Milão são cerca de cem mil", disse o secretário de saúde, Gianpaolo Landi di Chiavenna, que organiza os cursos.

O secretário informou que as aulas fazem parte de um esquema mais amplo, que visa garantir a segurança na cidade, com a instalação de câmeras nos táxis, mais policiais nas ruas e uma linha telefônica de emergência, ligada diretamente às delegacias.

"A preparação física pode fazer com que a pessoa se sinta mais tranqüila ao enfrentar uma emergência e isto é melhor do que usar uma arma para se defender", argumentou o secretário da União dos Comerciantes de Milão, Gian Roberto Costa.

Ele acredita que muitos dos 20 mil comerciantes da cidade vão se inscrever nos cursos, que duram dois meses. Ao longo do ano serão oferecidos três cursos.

Psicologia
Além de um treino físico, também haverá uma preparação psicológica. Esta parte ensina qual o melhor comportamento diante de uma tentativa de assalto ou agressão, explica como pedir ajuda e superar o trauma. Os alunos ainda aprendem noções de direito penal.

A técnica usada pelos professores de artes marciais vai ser a mesma aplicada no curso de autodefesa Cintura Rosa, criado especialmente para mulheres no ano passado.

As aulas são para preparar as mulheres a enfrentarem agressões de vários tipos, desde assaltos à ataques de violência sexual, ajudando a desenvolver a percepção do perigo e a confiança em si próprias.

"Ensinamos técnicas que atingem alguns pontos vitais, não é necessário usar a força", explica a Cristina Fiorentini, professora de artes marciais do grupo feminino.

O método chama-se "mga", método global de autodefesa. Ele foi criado por um grupo de especialistas em artes marciais da federação italiana e prevê apenas o desenvolvimento das técnicas de defesa e da capacidade de controlar o agressor.

"Queremos ensinar a usar o próprio corpo ou objetos de uso cotidiano como armas de defesa, caso não seja possível evitar o perigo ou superá-lo com o controle psicológico e ajuda de alguém", diz Fiorentini.

As alunas têm idades variadas, desde adolescentes até senhoras de 65 anos de idade. "Não é preciso ter boa preparação física", garante Cristina Fiorentini. A iniciativa teve tanto sucesso, que há centenas de mulheres esperando uma vaga. "As aulas são para 230 pessoas, até agora 600 mulheres fizeram o curso, mas temos 800 em lista de espera", informa o secretário de saúde.