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Estudo sugere que estímulos elétricos podem melhorar a memória

30/01/2008 11h22

Um estudo conduzido por pesquisadores canadenses apontou que estímulos elétricos em áreas profundas do cérebro podem melhorar a memória.

Uma equipe de médicos do Toronto Western Hospital fez a descoberta por acaso, quando tratava de um paciente obeso de 50 anos que sofria de diabetes tipo 2.

Após tentar vários tratamentos em vão, como dieta, medicamentos e ajuda psicológica, os médicos decidiram experimentar uma estimulação cerebral profunda.

Testes anteriores realizados em animais mostraram que a estimulação elétrica cerebral, que envolve a implantação de eletrodos no cérebro, poderia ter um impacto no apetite.

A técnica também já havia sido utilizada para tratar pacientes com Mal de Parkinson, dores crônicas, enxaquecas e até depressão.

Situações passadas
Os médicos implantaram os eletrodos a uma região do cérebro conhecida como hipotálamo, responsável pelo controle do apetite.

Ao sentir os estímulos, o paciente começou a ter sensações de "déjà vu", ou a impressão de já ter visto ou passado por aquela situação anteriormente.

Em seguida, ele teve sensação de que estava em um parque, quando tinha 20 anos, acompanhado de amigos e da namorada. Ele relatou que se sentia um observador da cena, que era bastante nítida e visualizada em cores.

Numa segunda experiência, realizada meses depois, o paciente teve as mesas sensações.

Após três semanas de constantes estímulos, o paciente teve um ótimo desempenho em testes de memória. Um ano depois, os mesmos estímulos foram realizados e ele novamente respondeu bem aos testes, mas não tão bem quanto antes.

Para o coordenador da pesquisa, Andres Lozano, os resultados sugerem que seja possível usar estimulação cerebral profunda para melhorar a memória.

"Nós soubemos imediatamente que a experiência era uma descoberta importante. E agora estamos intrigados para saber se o tratamento poderá trazer benefícios para pacientes que tem problemas de memória", disse Lozano.

A equipe de especialistas está agora realizando um estudo piloto para saber se a técnica pode abrir caminho para novos tratamentos para doenças como o Mal de Alzheimer. Seis pacientes já estão envolvidos nos testes iniciais.

As descobertas dos pesquisadores canadenses foram publicadas na revista especializada Annals of Neurology.