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"Moda pode ser bela e boa", prega evento de desfiles "éticos"

13/10/2006 19h19

PARIS, 13 out (AFP) - Estilistas de Brasil, Chile e Colômbia estão entre os 60 que participam, a partir desta sexta-feira e até 16 de outubro, do Ethical Fashion Show de Paris, salão da moda ética que, em sua terceira edição, se afirma como grande evento internacional da moda.

Depois de uma primeira edição quase confidencial e com apenas 20 estilistas em 2004, o Ethical Fashion Show reuniu no ano passado meia centena de criadores e atraiu 2.600 visitantes, mais de um terço deles compradores franceses e internacionais.

Este ano, o evento reunirá 60 estilistas de 28 países e os organizadores esperam receber 5.000 visitantes.

E isto apesar de que, a princípio, a idéia de organizar desfiles de moda ética "venha despertando pouco entusiasmo no mundo da moda", reconhece a fundadora do evento, a ex-estilista francesa Isabelle Quehé.

Entre as coleções que serão apresentadas este ano estão as brasileiras Pau Brazil, Tudo Bom? e Veja, a do colombiano John Estrada e as dos chilenos Jorge Caballero, Kelgwo e Kanthaka.

Moda ética, mas moda afinal. Os organizadores do Ethical Fashion Show reforçam que o objetivo do salão é "fazer refletir, mas também inspirar e fazer sonhar, demonstrando que a moda pode ser bela e boa".

No setor da moda, "como nos outros setores, as condições sociais e ambientais em que um artigo é produzido influenciam cada vez mais os comportamentos" dos consumidores e "entre 25% e 40% deles pensam hoje em termos de consumo ético", argumentam.

A moda apresentada no salão é, portanto, uma moda verdadeira, porém "solidária" e que "respeita o meio ambiente e o ser humano".

"Do universo 'streetwear' até a alta costura, todo o mundo da moda está voltado hoje para a ética", acrescentaram.

O Ethical Fashion Show seleciona seus participantes em função do cumprimento de uma série de normas de respeito dos direitos trabalhistas, ambientais e da colaboração com artesãos de seus respectivos países.

Os criadores devem assinar uma carta de princípios que se comprometem a respeitar. No setor trabalhista, trata-se do cumprimento das normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) quanto a salário, saúde e liberdade sindical.

Para os estilistas dos países em desenvolvimento, "lhes abre portas" poder mostrar seu trabalho em Paris, explicou Isabelle Quehé, segundo quem "em seus países não têm necessariamente uma clientela suficiente para desenvolver a produção".

Por isso, a idéia do salão é "atrair a maior quantidade de compradores possível e encontrar redes de distribuição", acrescentou.

Além dos desfiles e do salão de apresentação dos criadores, o Ethical Fashion Show organiza vários debates sobre temas relacionados com a moda e o desenvolvimento sustentável e entrega dois prêmios que serão atribuídos a estilistas presentes.