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Iranianos querem fazer lei para conter avanço da moda ocidental no Irã

18/05/2006 15h26

TEERÃ, 18 mai (AFP) - A promoção da moda feminina islâmica, frente à "invasão cultural" das tendências estrangeiras, está no centro de um projeto de lei aprovado pelo Parlamento do Irã e apoiado pelos deputados conservadores, preocupados diante do declínio do estilo genuíno iraniano.

"Os adereços dos jovens iranianos não refletem sua identidade islâmica e iraniana. Expressam tendências estrangeiras", ressaltou aos jornalistas a deputada Lale Eftejari.

Vestida com o tradicional véu negro, esta parlamentar lamenta que "mesmo que alguém queira buscar roupas diferentes, não há nada disponível".

De acordo com o código islâmico, as jovens na puberdade devem se vestir cobrindo suas curvas e cabelos, de preferência com a cor negra.

Enquanto um grande número de jovens iranianos respeita estas regras, nas grandes cidades a tendência atual é deixar de lado o véu, subir as saias e apertar as roupas.

O líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, se alarmou com tal ousadia há dois anos.

"Contamos com vários criadores de moda talentosos. Gostaríamos de apoiá-los e ajudar a apresentar e vender seus produtos", afirmou Eftejari.

Uma vez aprovada pelo Conselho de Guardiões, a lei obrigará o governo a promover e contribuir financeiramente com uma moda inspirada nos motivos tradicionais do estilo iraniano.

O texto pede à população que não ceda às tentações da moda estrangeira, "incompatível" com os cânones do código de vestimenta e tradições da República Islâmica.

Por exemplo, a televisão estatal deverá obrigar seus apresentadores a usar roupas conforme a regulamentação.

"Não vamos impor nada às pessoas. Somos contrários a uma aparência homogênea", assegura outra deputada, Fateme Alia, membro da comissão de cultura.

Mas nem todo mundo aplaude esta iniciativa: os parlamentares moderados temem uma nova restrição das liberdades públicas, em um país onde as limitações são inúmeras.

"Se devemos adotar uma lei relativa à vestimenta, deveríamos criar outra para o que podemos comer", sugere em tom irônico o deputado reformista Ismail Gerami-Moghadam.