Parto de gêmeos pode ser normal; veja mitos sobre gestação de múltiplos

Amigos, conhecidos e familiares. Todos tentaram convencer a funcionária pública Damaris Carvalho, 36, de Cuiabá (MT), a optar por uma cesárea. Mas, desde que soube que estava grávida de gêmeos, ela optou pelo parto natural, escolha amparada pela primeira gestação e por seu médico.
“Tive meu primeiro filho, o Davi, que hoje está com 2 anos e quatro meses, de parto natural. Quando fiquei grávida dos gêmeos, muita gente tentou me convencer do contrário, mas tinha conversado com meu médico e decidido por mais um parto natural", conta.
O nascimento só não seria natural se os bebês não estivessem na posição certa, possibilidade que foi descartada tão logo Damaris começou o trabalho de parto no hospital, em 15 de junho. Nas primeiras horas do dia 16, nascia o primeiro dos gêmeos Gael e Athos. O segundo veio sete horas depois do irmão. No dia seguinte, a família completa estava em casa.
Foram outros dois mitos derrubados: que todo gêmeo é prematuro (Damaris havia entrado no nono mês de gestação) e de que um nasce em seguida do outro. “O trabalho de parto estacionou e até dei de mamar para que as contrações voltassem para poder dar à luz novamente”, fala a funcionária pública.
Gael e Athos, em seus poucos dias de vida, estão se desenvolvendo bem e são alimentados exclusivamente pelo leite materno. “Estou amamentando os dois por livre demanda, sem qualquer complemento ou mesmo chupeta. O colostro é suficiente para alimentá-los e deixá-los saudáveis. É importante lembrar também que o peito não é só amamentação, mas também um lugar seguro para o bebê. Meu mais velho mamou até poucos dias antes dos gêmeos nascerem e quero que eles mamem bastante também”, diz.
Damaris é a prova viva de que muito do que se fala sobre a gestação de gêmeos não passa de crença sem qualquer fundamento.
A seguir, os especialistas Ricardo Luba, ginecologista e obstetra membro da AAGL (American Association of Gynecologic Laparoscopists), e Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, ajudam a desvendar outros mitos sobre o assunto.
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A gravidez é sempre de risco
A gestação gemelar apresenta maiores chances de ter complicações, como parto prematuro, doença hipertensiva específica da gestação e diabetes gestacional. Mas também são frequentes casos em que a gestação de gêmeos transcorre sem qualquer tipo de intercorrências.
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A prática de atividades físicas é proibida
Desde que com autorização do médico e acompanhamento profissional, os exercícios estão liberados durante a gestação. Atividades sem impacto e de leve intensidade, como pilates e alongamento, são as mais indicadas.
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É mais difícil descobrir o sexo dos bebês
O fato de gestar gêmeos não interfere nesse momento tão esperado, mas gestantes com sobrepeso ou obesidade podem ter mais dificuldade para descobrir o sexo das crianças pelo ultrassom.
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Gêmeos só nascem de cesárea
Como comprova a mãe de Gael e Athos, esse é um grande mito. Gêmeos podem, sim, nascer de parto natural desde que a mãe queira e a posição dos bebês --eles não podem estar atravessados-- permita. Um médico capacitado também é essencial, assim como estar em ambiente hospitalar para que se tenha tempo de corrigir com rapidez eventuais complicações durante o trabalho de parto.
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Todos os gêmeos são prematuros
Nem sempre. O risco de prematuridade na gestação gemelar existe, mas não é sempre que ela ocorre. A maior parte dos bebês nasce a termo (entre 37 e 41 semanas).
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É impossível a amamentação exclusiva de gêmeos
Apesar de a lactante ter de produzir o dobro da quantidade de leite para alimentar duas crianças, tem mulheres que dão conta do recado. Vale ressaltar que, além do esforço bem maior por parte da mãe, o apoio familiar é imprescindível nesses casos.
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Todo bebê gêmeo passa pela UTI neonatal
Essa também é uma inverdade. Muitos bebês gêmeos necessitam de cuidados da UTI neonatal, mas isso é inversamente proporcional ao peso e à idade gestacional em que ocorre o parto. Isso significa que bebês que nascerem com peso adequado ou que não são prematuros têm menor chance de ter de passar pela UTI.
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