Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Mônica Martelli e Samantha Schmutz e a era do fiscal do fiscal da pandemia
No fim de semana, a atriz Mônica Martelli cometeu um erro. Ela foi fotografada em uma festa de aniversário da também atriz Marina Ruy Barbosa. Segundo informações dela, que deu uma explicação no Instagram, a festa tinha 20 convidados e todos foram testados.
Sim, vivemos um tempo estranho, onde até o número de convidados em uma festa faz diferença e a atriz, que tem grande influência, tem que se explicar sim. Se ela errou? Penso que sim. Não é hora de fazer festa ainda. Se você fizer isso, corre, sim, riscos. A gente já sabe que ter feito teste não é garantia de que ninguém vá se contaminar.
No caso de Mônica, ela foi ainda mais atacada por ser uma vítima direta da pandemia. Ela perdeu seu melhor amigo, o ator Paulo Gustavo, há dois meses. Desde então, tem ido a passeatas, protestado e exigido vacinas do governo. Ela devia ter ido a essa festa? Não. Devia ter tirado foto, em tempo de rede social, sendo uma pessoa famosa? De jeito nenhum. O que as pessoas vão pensar: "nossa, se até a Mônica que é tão preocupada com a pandemia foi a uma festa, então liberou".
Ao mesmo tempo em que ela está errada (ela admitiu e pediu desculpas) é possível ficar um ano e meio de pandemia sem errar? Quem nunca errou nesse tempo todo de pandemia que atire a primeira... máscara.
Mas os tempos são malucos mesmo. Quem passou a ser atacada foi a atriz Samantha Schmutz. Já que ela, também amiga de Paulo Gustavo e Mônica, tem cobrado posicionamento dos famosos e criticado duramente aqueles que fazem shows e outros tipos de aglomerações. Por causa disso, seu perfil nas redes sociais foi inundado por comentários do tipo: "Vai lá reclamar com a Mônica", "Não vai falar mal dela?" A mãe da cantora Ludmilla, Silvana Oliveira, chegou a gravar um vídeo cobrando que Samantha criticasse a amiga (que já tinha admitido que errou!).
Ou seja, depois do fiscal da pandemia lançaram um outro tipo, o "fiscal de fiscal de pandemia". Esses são aqueles que seguem a vida de pessoas que pregam o isolamento (sou uma dessas pessoas) para ver se elas ou seus amigos vão errar.
A gente que é fiscal da pandemia merece sim ser cobrado pelo nosso comportamento. Agora, pelo comportamento dos outros é um pouco demais, não? As pessoas têm uma coisa chamada livre arbítrio e fazem o que podem. Onde vai parar essa rede de acusações? Sim, os tempos são muito difíceis. Mas ainda parece que a gente faz questão de complicar.
