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Fabi Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Trabalho com beleza há 20 anos, mas nunca fui viciada em maquiagem

Maquiagem - Photo by Junior REIS on Unsplash
Maquiagem Imagem: Photo by Junior REIS on Unsplash

Colunista de Universa

26/07/2022 04h00

E, então, como é tua relação com a beleza? Vem se transformando ao longo dos anos? Se sim, como?

Preciso assumir que nunca fui louca pelo tema. "Nossa, como assim? Vinte anos trabalhando com isso!". Na verdade, muitas vezes, sinto bem o contrário.

Quando as pessoas vêm até mim muito empolgadas, mostrando alguma make bafônica ou falando de alguma nova tendência revolucionária, me pego num misto entre embotada e "pense rápido, garota!". Imediatamente, inicia-se aquele diálogo silencioso por fora e ensurdecedor por dentro: "Se liga na tua expressão facial, Fabiana! Tente demonstrar alguma excitação para equilibrar essa energia —a pessoa tá com os olhos brilhando e você parece uma esfinge".

Já devo ter confessado isso por aqui. Não sou viciada em beleza, nem em maquiagem. O que, naturalmente, não significa, em hipótese alguma, que eu não me valha de suas benesses pra fica bem na fita e me sentir bem.

Gosto de dizer que sou uma observadora da beleza. Amo saber de um novo laser que pode transformar sua pele e controlar aquele melasma que tanto me irrita. Mas, antes de me entregar ao lindo, observo, leio, espero. E, claro, só me entrego a qualquer tratamento desde que recomendado e intermediado pelas mãos da minha médica dermatologista.

Em relação à maquiagem, enquanto profissional, sempre fui muito curiosa quanto às técnicas e estilos —por que sempre contornar desse modo? Por que afinar nariz? Claro que há outras dimensões do trabalho às quais fui exposta, que acendem outras luzes. Por exemplo, a maquiagem para palco, na qual o contorno tem papel fundamental para criar dimensões, para que aquele rosto tenha recorte, já que as luzes são muito fortes, além da distância que separa atores/cantores do público. Sem mencionar toda a transformação possível proporcionada pela maquiagem na arte. Transformação com propósito, com contexto.

Há também toda a magia, provocação, aspecto lúdico e liberdade de expressão artística (nem sempre) nos trabalhos de moda, seja editorial ou para passarela.

Pero, como usuária de maquiagem, sempre recorri ao prático, simples, intervenções mínimas ou, quando tô a fim de "me amostrar", prefiro optar por aspectos que ofereçam efeito máximo com esforço mínimo. Pensei agora, que talvez eu seja apenas preguiçosa quanto a minha própria beleza e maquiagem. Talvez não, talvez apenas não curta mesmo gastar tempo com isso e prefira me embrenhar noutros rolês.

Hoje é mais um diário, então, Fabi? Se pá, um pouco... rs

É que eu tava fazendo esse levantamento aqui e me dei conta que conheço muitas mulheres sensacionais, fodonas, que também não curtem gastar tanto tempo "nesses esquemas". Quando se trata de beleza e maquiagem pra vida e gente real, esse é o caminho discursivo e estilístico que prefiro seguir.

Nos últimos anos, tenho produzido conteúdos e estabelecido diálogo justamente com essas pessoas -as que amam se amar, querem, sim, ficar mais gatas, mas não estão a fim de rituais complexos, mil passos, mil produtos. Dá pra descomplicar e incorporar beleza e maquiagem na rotina. Pra quem curte, bien sûr, você pode simplesmente ignorar tudo isso e se entregar como oferenda ao reino da beleza.

Tamo falando de escolhas. "Ai, linda, mas você continua refém da indústria e ainda entuba padrões." Ah, certamente. Tô atravessada por isso, fui exposta a vida toda a certos modelos. Mas acho que consigo sacar a maior parte das ciladas e entender como me beneficiar disso, com redução máxima de danos.

Se você também não é viciada em beleza, mas gosta de se banhar nessas águas, cola comigo! Bora ser feliz com uma "borsinha" de cremes pequena e com maquiagem mínima na cara! E, quando a gente TIVER A FIM, nos batizamos em tintas e glitter.

Vem conversar comigo? Aqui no @fabi.gomes.