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Fabi Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ano de eleição: é preciso estar atento e forte

Precisamos estar vigilantes em relação ao modo como consumimos notícias - Getty Images
Precisamos estar vigilantes em relação ao modo como consumimos notícias Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

19/04/2022 04h00

O modo como as notícias são apresentadas, consumidas e compartilhadas diz muito sobre seus emissores e destinatários. Dá pra gente usar como uma grande ressonância magnética do espírito do tempo, de um povo.

Em terras tropicais, parece que a já sabida flopada edição 22 do "BBB" é a única coisa que importa (imagine se a edição tivesse sendo um sucesso...). Notícias e vídeos sobre crimes, ofertados no bom e velho estilão 'pinga sangue', também figuram como tema de interesse. Claro, o sempre presente futebol continua cumprindo papel de trazer emoção e acalento ao povo (corintianos tão mais felizes que a maioria, só dizendo).

Os furacões Anitta e Pabllo Vittar, quebrando recordes e derrubando queixos no Coachella (maior festival de música pop dos EUA), merecidamente ocupam lugares de destaque no ranking das notícias mais lidas dos últimos dias. (Vittar, inclusive, foi primeira drag queen no palco do festival que existe há 23 anos, o sea, demorô, né lindos?)

Grandes veículos de imprensa se rendem ao gozo fácil do clickbait —caça-clique. Segundo a Wikipédia: é um termo que se refere a conteúdo da internet que é destinado à geração de receita de publicidade on-line, normalmente às custas da qualidade e da precisão da informação, por meio de manchetes sensacionalistas e/ou imagens em miniatura chamativas para atrair cliques e incentivar o compartilhamento do material pelas redes sociais. Manchetes caça-cliques costumam prover somente o mínimo necessário para deixar o leitor curioso, mas não o suficiente para satisfazer essa curiosidade sem clicar no conteúdo vinculado.

Não vou me dar ao trabalho de ilustrar com exemplos. Eles podem ser encontrados em grande oferta, inclusive em veículos de imprensa supostamente sérios (falando em sinal dos tempos...).

Estamos em ano de eleições, uma das mais importantes da nossa história. Ano de eleições em tempos de fake news.

E tem mais: deep fake, que vem a ser o capítulo 2 das fake news —desinformação e mentira agora em áudio e vídeo. É você ver e ouvir pessoas falando coisas que nunca disseram. Para quem se interessar pelo tema, clique aqui.

Já é sabido quanto notícias falsas podem ter consequências nefastas e alterar o rumo da história de modo pérfido, maquiavélico.

Disseminação de desinformação guarda objetivos estratégicos muito bem delineados e usa seus consumidores como massa de manobra de modo perverso e desonesto.

Tá mais que na hora de estarmos atentos e vigilantes em relação ao modo como consumimos notícias.

Não só quando se trata de equilibrar nosso necessário escapismo, mas também sobre as fontes onde buscamos informações, checagem de fatos e quão confortáveis e cheios de nós mesmos estamos ao consumir aquele conteúdo.

No alucinado ritmo de produção imposto, não é difícil, trabalhados na leviandade, apertarmos o 'encaminhar' em qualquer bobagem recebida.

Uma ideia pode ser tentar fazer um exercício de sair um tantinho da superfície e dar uma mergulhada em temas que afetam ou podem afetar nossas vidas, nos implicando ativamente enquanto cidadãos.

E você nem precisa deixar sua série favorita ou ir às ruas manifestar. Algo simples como a atenção e a responsabilidade quanto ao que consome e compartilha já está de bom tamanho.