'Moda' do sexo casual acabou: por que as pessoas estão cansadas de transar?
Após uma fase de abertura generalizada para o sexo casual, as pessoas me parecem cansadas e um tanto frustradas. À primeira vista pode parecer paradoxal que a frequência de atividade sexual tenha caído, principalmente entre os jovens — que estiveram engajados nessas discussões e vivências, e estão crescendo em um mundo sexualmente mais livre. A palavra de ordem dos últimos anos foi desconstrução: abaixo o amor romântico, a monogamia, o patriarcado, a masculinidade hegemônica, a heterocisnormatividade.
Me pergunto se a sexualidade ficou tão racionalizada que a libido esteja se satisfazendo no discurso, e por isso a falta de sexo, ou se estamos chegando à conclusão de que a atividade sexual entre pessoas não tem essa importância toda na espécie humana, levando em conta a influência dos tempos atuais. Quem sabe as duas coisas e outras mais. Luisa Sonza disse esses dias que não gosta tanto de sexo assim: "Sexo é superestimado. O ato sexual mesmo, por si só, é superestimado. Tem gente que gosta muito, eu não gosto tanto assim".
Para a cantora, a conexão com a parceria é fundamental para a sua satisfação sexual. Vale lembrar que conexão implica em ser individualizado pelo outro, se fazer conhecer. É uma busca de intimidade para além do físico e da superficialidade que pode objetificar corpos e fazer prevalecer a performance inicial.
Parece que a Geração Z está tentando encontrar uma solução para os tantos dilemas relacionais e as possibilidades que se abriram e chegar ao meio-termo entre sexo e afeto. Segundo o 'Vem na Trend 2024', resultados de uma pesquisa encomendada pelo Instagram que analisa tendências da Geração Z no Brasil, EUA, Reino Unido, Índia e Coreia do Sul, 63% dos jovens estão solteiros, sendo sua principal prioridade de relacionamento para 2024 fortalecer os relacionamentos atuais. Essa necessidade de se aprofundar nas conexões passa também pelo aprendizado de como fazer isso diante da revolução tecnológica mediando as relações, da fluidez, das infinitas possibilidades, e da rapidez como tudo acontece. Novos tempos, novos códigos.
Segundo o levantamento, a Geração Z brasileira é a que mais paquera com seu interesse romântico no Instagram, curtindo e marcando os stories dos crushes, ou adicionando a pessoa na sua rede de contatos. É uma maneira de demonstrar que está em um lugar especial, que não é só mais um na lista de contatinhos. Pode ser o sinal de que alguém quer adentrar o espaço da intimidade. Pouco mais da metade dos jovens brasileiros desejam encontrar alguém com quem podem ser eles mesmos, compartilhar hobbies, interesses e intimidades.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.