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Ana Canosa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Transar tem que ser por prazer: por chantagem ou favor é roubada

Usar sexo como moeda de troca faz a mulher esquecer as próprias vontades - Viacheslav Peretiatko/Getty Images/iStockphoto
Usar sexo como moeda de troca faz a mulher esquecer as próprias vontades Imagem: Viacheslav Peretiatko/Getty Images/iStockphoto

Colunista de Universa

25/04/2023 04h00

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Todas as relações são baseadas em trocas: elas passam por afeto, pelos cuidados, pelos bem materiais e imateriais e pela função emocional que cada um exerce na vida do outro. Na vida de um casal, as negociações vão acontecendo ao sabor da convivência, algumas tácitas, outras veladas.

E as trocas também existem no sexo, a começar pela de carícias, passando pelo prazer que um proporciona ao outro até chegar às preferências sexuais de cada um. No entanto, a própria relação sexual pode ser uma negociação: quando alguém oferece a transa para quem lhe retribuirá com algo que nada tem a ver com prazer sexual e que pode ser qualquer coisa, inclusive dinheiro.

Muitas vezes, em relações heterossexuais, mulheres fazem sexo com parceiros para mostrarem que os amam, e a transa, para ela, não tem mesmo relação com prazer físico. Em outros casos, há mulheres que sempre estão disponíveis sexualmente porque têm medo de que o parceiro procure outra.

Mas há também quem use o sexo, ou a falta dele, como punição. Tão ruim quanto isso são as relações sexuais feitas para conseguir melhor humor do parceiro, para que ele concorde com um gasto extra, por exemplo.

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Usar o sexo como trunfo para conseguir algo é prejudicial para o casal, mas principalmente para ela. Se estiver insatisfeita com o companheiro, ela se fecha porque está convencida de que atender aos apelos dele é uma forma de submissão. O problema é que isso faz com que ela se esqueça de sua própria vontade de tão ocupada que está em medir forças e manter um certo controle relacional. Por vezes encontramos mulheres com disfunções de desejo ou orgasmo, desenvolvidas inconscientemente como um escudo protetor.

Mas os homens não ficam de fora; eles também negam o desejo sexual por suas mulheres quando estão ressentidos e até por não tolerar sua independência: é como se dissessem "estou rejeitando você, volte a ser como antes". E se creem que não recebem de volta o mesmo nível de interesse e paixão que oferecem, é possível que também desenvolvam sintomas, como a ejaculação precoce ou a disfunção erétil. Neste caso, estariam dizendo "se você não me dá o que eu quero, impeço o seu prazer ao ejacular rápido ou não tendo ereção".