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Qual a diferença entre lágrimas de alegria e de tristeza?

Maurício Cancilieri

12/07/2016 06h00

Sob as lentes da fotógrafa americana Rose-Lynn Fisher, as lágrimas revelaram ter uma aparência bem distinta quando vistas de muito perto: cada uma tem a sua própria topografia.

Não adianta tentar adivinhar rapidamente se alguém chora de alegria ou de tristeza, de esperança ou simplesmente por causa de uma cebola cortada. Num rosto em prantos é tudo muito parecido. Mas não se engane: de bem perto, as lágrimas não são iguais.

Rose-Lynn Fisher, fotógrafa e artista americana, chegou a essa conclusão depois de fazer fotografias microscópicas de cem lágrimas em 2008, quando passava por uma fase de perdas na sua vida pessoal. Duas pessoas próximas dela haviam morrido.

Movida pela dor do luto, Fisher se perguntou, com um olhar fisiológico e artístico: as lágrimas do meu sofrimento são iguais às da minha felicidade? A resposta veio com o ensaio fotográfico "Topografia das Lágrimas". As imagens mostraram ao mundo que as lágrimas podem ser bem distintas.

Motivos não faltam

Por que choramos? Essa pergunta de muitas respostas talvez seja antropológica e científica ao mesmo tempo. Acredita-se que, na linha evolutiva, os seres humanos tenham aprendido a chorar porque, num determinado estágio evolutivo, a fala ainda não era tão desenvolvida, mesmo na idade adulta. Éramos como um bebê, que desaba em lágrimas pela impossibilidade de dizer o que realmente sente ou quer.

Na sociedade atual, as pessoas choram por inúmeros outros motivos: raiva, rancor, recordações, depressão ou uma alegria que não cabe no corpo. Há também o choro simulado de um ator, ou de alguém que quer chamar a atenção e despertar solidariedade ou pena.

Função lubrificante

Apesar de as lágrimas mais comuns serem as do tipo emocional, há ainda dois outros tipos, com funções bem distintas. As do tipo basal lubrificam os olhos. E, quando cai um cisco no olho, são as reflexivas que ajudam a limpar o local irritado e livrá-lo da sujeira.

Do ponto de vista biológico, não há qualquer diferença significativa entre o que cai de uma cara de tristeza, de irritação ou de alegria. São só gotas produzidas pela grândula lacrimal, com quantidades particulares de substâncias do nosso organismo. A aparência microscópica de cada uma, porém, varia, como demonstrou o trabalho de Fisher.

Composição química

Lágrimas são feitas de água, sais mineirais, proteínas, anticorpos, enzimas e gordura. Quando fabricadas em excesso pelo corpo, acabam drenadas pelo nariz. Nesse caso, somos às vezes forçados a pedir um lenço emprestado.

Se não há lenço nem ninguém por perto, não importa. Sentimentos, alertam especialistas, não podem ser poemas presos. O choro é uma forma orgânica de, sem palavras, libertá-los, sejam eles bons, sejam ruins.

Então, não se preocupe em expressar de vez em quando, no rosto, um atlas do que você guarda dentro de si. É bonito, é único e é sinal de que a saúde vai bem.