Carro sem motorista ou controle humano é testado pela USP
As ruas de São Carlos foram palco, na manhã e tarde de hoje, do primeiro teste na América Latina onde um veículo que andou em vias públicas sem motorista. O carro, que também não é pilotado por controle remoto, foi desenvolvido por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo).
O sistema de direção é composto por dois computadores, que recebem dados de oito câmeras instaladas no carro, um sistema de GPS e dois sensores a laser, que escaneiam o trajeto a ser seguido e buscam obstáculos a uma distância de até cem metros.
Cabe aos processadores, após receber todas essas informações, processá-las e tomar decisões como parar, frear, virar ou acelerar. O custo de desenvolvimento, até o momento, é de R$ 300 mil e a tecnologia é totalmente nacional.
O projeto começou em 2010 e, além do teste de hoje, o carro já percorreu 150 quilômetros em testes dentro da USP. A expectativa dos pesquisadores é que o carro esteja pronto para ser usado pela população em até cinco anos.
De acordo com o coordenador do projeto, o professor Denis Wolf, o teste foi bem sucedido. “Foi a etapa final de validação de todo um trabalho árduo que vem sendo desenvolvido. Os experimentos realizados seguem um protocolo para garantir a segurança”, avaliou.
O protótipo integra o projeto Carina (Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma, que tem o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Sistema
Para que a autonomia funcione, é necessário que os computadores e os demais sistemas de captação de informações sejam rápidos o suficiente para tomar decisões corretas em um curto intervalo de tempo. “Caso uma criança atravesse na frente do carro atrás de uma bola, por exemplo, o mesmo deve observar isso através das câmeras e sensores, identificar a situação de risco elevado, decidir qual ação deve ser feita e enviar os comandos corretos para acionar o freio ou o volante em menos de um segundo”, explica o pesquisador.
No teste de hoje, o carro desenvolvido pelos pesquisadores trafegou a uma velocidade de 40 quilômetros por hora por ruas definidas antes de o carro sair da USP. O teste foi acompanhado por agentes de trânsito. Na primeira volta fora do laboratório, o veículo obedeceu aos comandos e fez todas as manobras.
Utilização
Segundo o pesquisador, um dos possíveis usos do sistema é evitar colisões e acidentes. “Sabemos que o maior motivo dos acidentes rodoviários é falha humana. A gente acredita que em pouco tempo o carro vai dirigir muito melhor que uma pessoa”, afirmou o pesquisador.
Wolf afirma ainda que o desenvolvimento de sistemas complexos e críticos é um desafio para a pesquisa em diversas áreas. “O fato dos veículos operarem em ambientes urbanos faz com que a responsabilidade dos cientistas envolvidos aumente pois, por um pequeno erro do carro, é possível causar acidentes gravíssimos”.
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