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Terra é 'bombardeada' por meteoros a todo momento, dizem astrônomos

Ingrid Tavares

Do UOL, em São Paulo

15/02/2013 13h20

O meteoro que explodiu no céu da Rússia na manhã desta sexta-feira (15) não é um fenômeno raro, afirmam astrônomos. 

Entenda a diferença

AsteroideObjeto rochoso, relativamente pequeno e inativo, que orbita o nosso Sol
MeteoroideSobras de asteroides ou cometas que orbitam o nosso Sol
MeteoroFenômeno que ocorre ao longo da atmosfera da Terra e deixa um rastro de luz no céu
MeteoritoQuando um meteoroide ou um asteroide resistem à passagem pela atmosfera terrestre e atingem o solo do nosso planeta, ele é classificado como um meteorito
CometaObjeto de gelo relativamente pequeno, mas muitas vezes ativo, que tem cauda de gás e poeira
  • Fonte: Othon Winter, professor e pesquisador de trajetórias espaciais da Unesp (Universidade Estadual Paulista), e Nasa (Agência Espacial Norte-Americana)

Ao longo do ano, a Terra é bombardeada com frequência por toneladas de material cósmico, diz Othon Winter, professor e pesquisador de trajetórias espaciais da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Entretanto, os meteoros costumam ocorrer em locais desabitados - a maior parte do planeta.

Muitos dos corpos que se chocam com a Terra não resistem à pressão da atmosfera e se desintegram antes de cair em solo, sem que sejam percebidos pelas pessoas.

Para Eduardo Cypriano, professor do departamento de Astronomia do IAG (Instituto de Astronomia, geofísica e Ciências Atmosféricas), da USP (Universidade de São Paulo), o que pode ser considerado raro é esse fenômeno ter acontecido em uma área povoada.

"O que chamou a atenção hoje foi ter ocorrido em uma área urbana e bastante povoada. Se o meteoro tivesse passado em uma zona rural, ou atingido um oceano, ninguém teria descoberto, já que haveria apenas o clarão [da explosão]", explica o astrônomo. "O que feriu as pessoas na Rússia não foi o meteoro em si, mas o vidro [de prédios e casas] que foi quebrado pela onda de choque da sua passagem."

Meteoro é o nome dado ao fenômeno que ocorre ao longo da atmosfera da Terra e que deixa um rastro de luz no céu. Ele só vira um meteorito quanto sobrevive à passagem pela atmosfera e cai em terra.

 

Detecção difícil

Quando corpos celestes são descobertos por astrônomos, a Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) passa a controlar a sua trajetória, para saber se vão chegar perto do nosso planeta e determinar se oferecem riscos de impacto. Mas nem todos os objetos que existem no Sistema Solar estão sendo monitorados pelas agências espaciais.

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Segundo Cypriano, “duas coisas influenciam na busca [por esses objetos no espaço]: a área, que reflete a luz do Sol, e o albedo, que é a fração da luz que ele consegue refletir” - um espelho é 100% albedo, por exemplo. É com a ajuda desse brilho que os astrônomos acham asteroides, cometas e meteoroides. 

Por isso, se os corpos celestes são pequenos, eles brilham pouco e ficam difíceis de serem detectados vagando pelo espaço, mesmo que estejam em rota de colisão com a Terra. A composição química também pode influenciar no brilho, diz o professor da USP, já que um elemento opaco vai impedi-lo de refletir a luz. 

A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) descartou, ainda, que o incidente com o meteoro na Rússia teve alguma influência do asteroide 2012 DA14, que vai passar a menos de 30 mil quilômetros do nosso planeta na tarde desta sexta-feira (15). Segundo a ESA, o asteroide é um corpo bastante compacto e formado de um material denso, que não deve se desprender dele.  

"Apesar de ser no mesmo dia, a passagem do asteroide 2012 DA14 não tem a ver com a explosão do meteoro na Rússia. O asteroide tem uma trajetória conhecida em direção ao Sul do planeta, passando pela África e pela Oceania, enquanto o meteoro atingiu o hemisfério Norte", completa Cypriano

Entenda o caso

  • Arte UOL

    Mapa mostra cidade onde explosão de meteoro causou quebra de vidraças e deixou feridos 

Quase mil pessoas ficaram feridas, sendo que 43 delas foram hospitalizadas, depois que um meteoro se desintegrou sobre a região russa de Tcheliabinsk, nos montes Urais.

O objeto passou a cerca de 80 quilômetros da cidade de Satki, por volta das 9h20 locais (1h20, no fuso horário de Brasília). O governo confirma que os danos foram provocados pela onda de choque da explosão, que quebrou vidraças.