Busca por alienígenas envolve telescópios, astrônomos e até computadores no Brasil
Esqueça as excursões intergaláticas e as salas de comando à la Star Trek. O dia a dia de quem trabalha buscando inteligência fora da Terra está mais para rotina de pesquisador acadêmico do que para saga de ficção científica. A maior parte dessas iniciativas reúne astrônomos em universidades norte-americanas e conta com a ajuda de voluntários do mundo todo, inclusive do Brasil.
No norte da Califórnia, nos Estados Unidos, 42 antenas miram para o espaço capturando ondas de rádio de fora da Terra. Além de observar fenômenos astronômicos como as explosões de raios gama, essas antenas são ferramenta chave na busca de inteligência extraterrestre – Seti, na sigla em inglês (Search for Extraterrestrial Inteligence).
“Em vez de esperar que aeronaves alienígenas aterrisem, usamos telescópios para procurar sinais enviados por outras civilizações”, explica ao UOL o professor Douglas Vakoch, organizador do livro “Psychology of Space Exploration: Contemporary Research in Historical Perspective” (Psicologia da Exploração Espacial: Pesquisas contemporâneas em uma perspectiva histórica, em tradução livre) publicado pela Nasa em agosto de 2011.
A esperança é que, no caso de existirem civilizações extraterretres, seja possível captar ondas de rádio produzidas pelas mais diversas razões. “Se detectarmos sinais de uma outra civilização, provavelmente é porque eles estão tentando se comunicar conosco. É mais fácil encontrar sinais transmitidos intencionalmente do que, por exemplo, sinais locais de rádio ou de televisão”, diz Vakoch.
Metodologia semelhante tem sido desenvolvida, em menor escala, também por pesquisadores europeus. Um telescópio formado por antenas espalhadas por Holanda, Alemanha, Suécia, França e Inglaterra, o projeto Lofar, vasculha estrelas e planetas próximos em busca de ondas de rádio de baixa frequência e identificará emissões que só poderiam ser produzidas por meios artificiais – ou seja, se algum sinal for encontrado, seria plausível imaginar que não estamos sozinhos no universo.
Computadores de brasileiros
Além de apontar antenas para a vastidão do universo, os cientistas precisam organizar o “ruído” captado. Programas de computador leem cada trecho dos sinais recebidos e procuram padrões que possam indicar emissões de rádio.
Como a capacidade de processamento necessária para ler todos esses dados é gigantesca, em 1999 a Universidade de Berkeley lançou o projeto “Seti@home” (Seti em casa): os dados captados por telescópios instalados em Porto Rico são divididos em pacotes e enviados via internet para computadores de voluntários.
Estima-se que mais de 1 milhão de usuários participem do Seti@home – dos quais 12 mil estão no Brasil. “Enquanto processa os dados no computador, o software exibe as faixas de frequência analisadas e as coordenadas do espaço de onde o sinal foi captado”, diz o gestor de TI Presciliano Neto, um dos primeiros brasileiros a participar da iniciativa.
E se algum indício de comunicação extraterrestre for identificada? O professor de Astronomia da Universidade de Berkeley, Geoffrey Marcy explica o procedimento: “Precisaríamos verificar a descoberta e pedir a outros cientistas que checassem. Em caso positivo, teríamos de avisar à Casa Branca. E seria bom que eles avisassem ao mundo inteiro. Todo o mundo precisaria saber dessa descoberta”, diz.
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