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Prefeituras de SP e RJ anunciam parceria e lançam aplicativos próprios de táxi

Natalia Scalzaretto

Da Reuters, em São Paulo

11/10/2017 18h14Atualizada em 13/10/2017 12h58

A prefeitura de São Paulo lançou nesta quarta-feira seu próprio aplicativo para taxistas, em uma parceria para cooperação tecnológica com a prefeitura do Rio de Janeiro.

Em evento realizado em São Paulo, os prefeitos João Doria (PSDB-SP) e Marcelo Crivella (PRB-RJ) anunciaram o acordo no qual a prefeitura do Rio irá ceder gratuitamente a tecnologia de desenvolvimento do aplicativo para São Paulo.

O objetivo, segundo as prefeituras, é oferecer mais competitividade aos taxistas, em um mercado já disputado por empresas como Uber, Cabify e 99.

"Ele (taxista) agora poderá disputar de igual para igual com os demais aplicativos. Ele poderá oferecer descontos e disputar viagens no mercado, o que antes ele não podia", disse Crivella.

"Em pontos turísticos, a prefeitura vai dar condição a esse seu agente de ter exclusividade. O que faz com que o jogo comece a ficar um pouco mais equilibrado."

O SP Táxi e o Taxi.Rio, como foram nomeados os aplicativos, também serão gratuitos para os motoristas, ao contrário das empresas particulares, que cobram uma porcentagem sobre as corridas dos motoristas. Apesar disso, autoridades das duas cidades descartaram que haverá concorrência predatória.

"Não é sobre ser contra o Uber, mas sim, ser a favor do táxi", disse Fábio Pimentel, presidente do Iplanrio, agência pública carioca que desenvolveu o aplicativo.

O Taxi.Rio já opera em fase de testes desde junho, com 500 usuários selecionados e sete mil motoristas cadastrados, será aberto para a população na última segunda-feira de outubro, de acordo com Pimentel.

A previsão da prefeitura paulista é que a transferência e adaptação da tecnologia para São Paulo, bem como cadastramento de motoristas e fase de testes, aconteça em 90 dias, enquanto a disponibilização para a população ocorrerá em janeiro de 2018.

Todo o projeto será adaptado em São Paulo pela Prodam-SP (Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo), sem a contratação de empresas terceirizadas. Ainda não há estimativa de custos para os cofres públicos paulistas, mas o secretário de Transportes de São Paulo, Sergio Avelleda, disse que o gasto será menor que os 2 milhões de reais desembolsados pelo Rio em seu próprio aplicativo.

As prefeituras também enxergam uma possibilidade de economia com os aplicativos. No futuro, uma das opções cogitadas é a adoção dos aplicativos para o transporte de funcionários, nos moldes de um contrato lançado pela prefeitura paulista esse ano, do qual a 99 saiu vencedora.

Questionado sobre a possível adoção do SP Táxi para esse fim, Avelleda disse que essa era uma possibilidade que deveria ser analisada, mas que o contrato atual com a 99 será mantido.

"Seguramente, a prefeitura já assinou o contrato e vai cumpri-lo. Quando terminar o contrato poderá ser avaliada a alternativa da prefeitura usar esse aplicativo", disse Avelleda.

Procurada pela Reuters, a 99 manifestou apoio à iniciativa. "A 99 é sempre a favor que o passageiro e o motorista tenham opção. Quanto mais opções melhor."

O secretário paulista também não acredita que o aplicativo possa canibalizar o Kabx, aplicativo lançado há pouco tempo pelo Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo.

"Acho que tem espaço para todo mundo. Vamos conversar com o sindicato dos taxistas para 'customizar' nosso aplicativo de acordo com as necessidades deles e podemos até pensar em eles aderirem, ou não, mas é um mercado muito grande", disse Avelleda.

De acordo com dados da prefeitura de São Paulo, a capital conta com 37,5 mil alvarás de táxi e quase 77 mil motoristas credenciados ativos.

Procuradas pela Reuters, Uber e Cabify não responderam imediatamente a um pedido de comentários. Já o Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo afirmou em nota que os taxistas passarão a ter "uma vantagem na concorrência com outros aplicativos que atuam sem regulamentação, como Uber, 99 e Cabify, e cobram altas porcentagens dos motoristas sobre cada corrida".