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Boom de ações de tecnologia em mercados emergentes preocupa gestores de fundos

09/10/2017 13h50

Por Helen Reid

LONDRES (Reuters) - O boom das ações de tecnologia de mercados emergentes está se tornando um problema para gestores de fundos.

O crescente valor de mercado de um punhado de empresas, como as chinesas Alibaba e Tencent, está aumentando de modo estável o peso desses papéis no índice de ações emergentes MSCI.

Isto significa que investidores em fundos que acompanham os índices (fundos negociados em bolsa ou ETF, na sigla em inglês), que buscam ficar expostos a várias empresas e pagar uma taxa de administração menor, estão ficando cada vez mais expostos a um único setor.

Enquanto isso, administradores de fundos ativos, que justificam a cobrança de taxas mais altas por sua experiência em escolher ações individualmente, estão sobre pressão para comprar esses papéis, para garantir que seus fundos acompanhem os ganhos do índice.

E com ambos os grupos de investidores buscando o mesmo ativo, o risco de saídas de recursos aumenta se o setor apresentar algum problema.

"Isso é o oposto do que você quer fazer com um ETF - você quer exposição diversificada barata, mas acaba se concentrando em basicamente 10 ações", disse o chefe de estratégia de investimentos Psigma, Rory McPherson, que detém fundos ativos de mercados emergentes.

As cinco maiores empresas dos mercados emergentes no índice são de tecnologia - Alibaba, Tencent, Samsung, Naspers e Taiwan Semiconductor - e correspondem a quase 19 por cento do valor de mercado do índice. Essa é uma fatia maior do que no índice S&P 500, onde as cinco principais empresas - Alphabet, Apple, Facebook, Microsoft e Amazon - respondem por 13 por cento.

DESCONFORTO

A mudança em direção a investimentos passivos, evidente na maioria das classes de ativos, entrou no foco das ações emergentes, que registraram alta de 60 por cento desde o início de 2016. Mas o setor também pode ilustrar os riscos que os fundos negociados em bolsa podem trazer para os portfólios.

Os investidores estão interessados em empresas de tecnologia que estão lucrando ao desestabilizar o status quo em setores que vão desde mídia a varejo e matérias-primas.

Mas a dependência da tecnologia para retornos está causando certo desconforto entre os investidores, que preferem ações no mercado emergente do setor automobilístico ou fabricantes de bebidas, por exemplo, para se expor à demanda em países em desenvolvimento.

O chefe de estratégias de portfólio da Columbia Threadneedle, Ed Kerschner, disse que o desempenho das empresas de tecnologia reflete principalmente o de seus pares norte-americanos, em vez de fornecer exposição a países em desenvolvimento.

"A questão é: você está comprando mercados emergentes ou tecnologia? O risco de comprar referências do mercado emergente é que você não está se diversificando em relação ao S&P".

(Reportagem adicional por Sujata Rao e Claire Millhench)