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Juiz manda Uber devolver arquivos roubados de unidade da Alphabet

15/05/2017 17h26

SÃO FRANCISCO, Estados Unidos (Reuters) - O Uber deverá devolver documentos confidenciais roubados da unidade de carros autônomos Waymo, da Alphabet, decidiu um juiz norte-americano, em julgamento que permitiu que a empresa continue trabalhando em tecnologia de direção autônoma.

O juiz do caso escreveu que o Uber sabia, ou deveria saber, que um ex-engenheiro da Waymo poderia ter pego os arquivos que continuam possíveis segredos comerciais da Waymo e que parte dessa propriedade intelectual foi "permeada" nos esforços de desenvolvimento da tecnologia pelo próprio Uber.

A decisão do juiz William Alsup é um revés para o Uber, que tem brigado contra a Waymo pelo domínio do campo de direção autônoma.

Alsup remeteu na quinta-feira passada o caso para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos para investigação sobre possível roubo de segredo comercial. Ele também decidiu contra o pedido do Uber para uma arbitragem privada, que teria mantido grande parte do caso longe do público.

O juiz também mandou o Uber manter o engenheiro Anthony Levandowski ficar longe de trabalho que envolva a tecnologia de radar Lidar, usada pelos carros autônomos e que está no cerne da briga judicial com a Waymo.

O caso se baseia em arquivos que a Waymo alega que Levandowski roubou antes de deixar a companhia. A Waymo afirma que as informações foram usadas no sistema do Uber de direção sem motorista.

Levandowski deixou a Waymo em janeiro de 2016 e iniciou a Otto, uma empresa iniciante de tecnologia voltada a caminhões autônomos comprada pelo Uber por 680 milhões de dólares em agosto. Ele trabalhou na divisão de carros autônomos da Uber até o mês passado, antes de se afastar enquanto aguardava o processo judicial.

"A questão é que a evidência indica que o Uber contratou Levandowski mesmo sabendo ou podendo saber que ele pegou mais de 14 mil arquivos confidenciais que continham propriedade intelectual da Waymo", escreveu Alsup. O juiz afirmou que a Waymo forneceu "evidência de que seu ex-engenheiro" fez download dos documentos que estavam nos computadores da empresa antes de deixar a companhia.

O juiz determinou que o Uber impeça que Levandowski e todos os outros funcionários da empresa utilizem os documentos e que os devolva para a Waymo até 31 de maio.

Entretanto, o juiz disse que "poucos" dos supostos segredos comercias da Waymo foram identificados na tecnologia de carro autônomo do Uber e que as reivindicações de patentes da Waymo contra a empresa não têm mérito. Nem todos os 121 segredos comerciais reivindicados pela Waymo se classificam como segredos comerciais, acrescentou.

"Nós estamos satisfeitos com a decisão do tribunal que permite que o Uber continue desenvolvendo sua tecnologia de direção autônoma, incluindo nossa inovação em torno do Lidar", disse a porta-voz do Uber Chelsea Kohler.

(Por Dan Levine, Heather Somerville e Alexandria Sage)