Já viu um canhão antigranizo? Equipamento 'controla' chuva e salva empresas

Uma tecnologia habitual na Europa vem chamando a atenção dos viticultores, no interior do Rio Grande do Sul: são os canhões antigranizo. O equipamento funciona por meio de explosões controladas, transforma nuvens de granizo em chuva e salva colheitas.

O que se sabe:

A vinícola Geisse, localizada no interior do município de Pinto Bandeira, na Serra gaúcha, distante 140 km de Porto Alegre, foi pioneira na região ao instalar o aparelho em novembro do ano passado.

Fui atrás de informações e vi que a tecnologia se mostrava bastante eficiente, e é a única viável e sustentável. Antigamente se usava outras tecnologias como os foguetes de nitrato de prata que se soltavam nas nuvens, mas foram proibidas

O empresário explicou a reportagem do UOL, que o canhão, instalado em seus vinhedos, consegue identificar a proximidade de nuvens com formação de granizo e proteger cerca de 80 hectares.

A vibração das ondas é tão forte, que rompe e dilacera as pedras de gelo nas nuvens, e aí impede que tenha chuva de pedra. O processo é todo automático e monitorado por satélite. A empresa contratada monitora todas as nuvens com células de granizo, e quando alguma se aproxima da área protegida, o canhão é acionado automaticamente.

Os viticultores da região, segundo Daniel Geisse, estão satisfeitos com o efeito gerado pelo canhão antigranizo, pois desde a instalação, a angústia das tempestades com chuvas de pedras deu lugar à tranquilidade.

''A área protegida se expandiu, abrangendo hectares de vinhedos e até mesmo protegendo os telhados das casas da vizinhança contra as chuvas de granizo'', comentou Daniel, que investiu cerca de R$ 500 mil na compra do equipamento. Já os custos de mantimento e manutenção, chegam na casa dos R$ 4 mil mensais.

Questionado sobre o barulho causado pelo canhão (cerca de 80 decibéis), o proprietário da vinícola afirmou que contratou, recentemente, uma empresa especialista em isolamento acústico para minimizar o impacto sonoro.

Temos visto uma família de corujas que vivem perto do canhão, tranquilamente nos vinhedos. Tem muitos pássaros em volta ao equipamento.

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Antes da família Geisse, somente a cidade de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, possuía este tipo de equipamento. O dispositivo foi instalado no pátio de uma montadora de carros, com capacidade para 17 mil veículos, para evitar que os granizos danifiquem os automóveis recém-fabricados.

Chuvas de granizo causaram danos em automóveis zero km

Em meados de abril de 2011, um temporal com pedras de granizo atingiu a cidade de Curitiba e a região metropolitana. Na época, no município de São José dos Pinhais, onde fica localizada uma das fábricas da montadora Renault do Brasil, cerca de 300 automóveis zero quilômetros, que estavam estacionados no pátio da empresa, tiveram os tetos e para-brisas avariados pelos granizos.

Para amenizar os problemas e prejuízos, em outubro de 2022, foi instalado no Complexo Ayrton Senna - onde fica a montadora Renault do Brasil, um canhão antigranizo, fabricado por grupo espanhol.

O sistema previne a queda de granizo a partir da geração de uma onda de ar. O equipamento tem um alcance de 500 metros de raio e utiliza placas fotovoltaicas para seu funcionamento. Desde a instalação, a incidência de danos por granizo em carros, na área abrangida pelo sistema, foi praticamente eliminada. Esta solução já está presente em mais de 25 países, sendo que a unidade instalada na Renault do Brasil foi a primeira no país, disse o diretor Supply Chain Renault do Brasil, Francis Lanza.

Como funciona o canhão

A tecnologia, de patente espanhola, consiste em um canhão e um sistema de monitoramento por satélite de padrões atmosféricos. Quando nuvens carregadas e propensas de granizos são detectadas, o sistema aciona automaticamente os disparos de ondas sonoras pelo canhão, que tem a potência de 15 mil joules. O sistema funciona de uma forma rápida, gerando uma camada de proteção na estratosfera em até 15 minutos, com disparos a cada sete segundos.

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O componente utilizado para a geração de ondas é o gás acetileno. Misturado com o oxigênio em uma câmara de combustão controlada, não emite nenhum gás para a atmosfera ou arredores. Este método, usado há décadas em países europeus, nos vinhedos, pomares de maçãs e pêssegos, transforma as pedras de gelo (no estado sólido) para o líquido, resultando assim, em chuva, ao invés de granizo.

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