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Telescópio James Webb registra galáxia espiral com detalhes incríveis

LEDA 2046648 fica a mais de um bilhão de anos-luz da Terra - ESA/Webb, NASA & CSA, A. Martel
LEDA 2046648 fica a mais de um bilhão de anos-luz da Terra Imagem: ESA/Webb, NASA & CSA, A. Martel

Nicole D'Almeida

Colaboração para Tilt, de São Paulo (SP)

02/02/2023 12h02

Uma imagem impressionante do telescópio espacial James Webb mostra uma área repleta de galáxias, de variados tamanhos e formas.

Em primeiro plano, está uma grande galáxia espiral, registrada com riqueza de detalhes. Dá para ver claramente seus braços, se estendendo e dando voltas pelo universo.

Esta é a LEDA 2046648, que fica na constelação de Hércules, a mais de um bilhão de anos-luz da Terra. Dá para ver também outra galáxia espiral menor "empilhada" abaixo dela. As outras ao fundo estão muito mais distantes.

A Nasa chamou a imagem de "Parque Galático" (uma referência ao filme Jurassic Park), pois são todas muito antigas.

A imagem foi divulgada nesta semana, mas foi registrada no primeiro semestre do ano passado, durante a fase de calibragem dos quatro instrumentos infravermelhos do telescópio, especificamente o NIRISS (Near Infrared Imager and Slitless Spectrograph ou "sensor de infravermelho próximo e espectrógrafo sem fenda") e a NIRCam (Near Infrared Camera, ou "câmera de infravermelho próximo").

Enquanto o NIRISS observava a estrela anã branca WD1657+343, a NIRCam focou na galáxia LEDA 2046648. Foi um teste da habilidade do telescópio de "escavar fósseis galáticos".

O James Webb tem como principal objetivo observar o universo distante, para nos ajudar a entender como as primeiras estrelas e galáxias se formaram, sua composição e evolução. É como uma maquina do tempo, que pode enxergar o que aconteceu após o Big Bang, há quase 14 bilhões de anos.

Isso é possível porque a luz destes objetos tão distantes leva muito tempo para viajar até a Terra. Portanto, quando olhamos para as galáxias, é como se estivéssemos enxergando o passado, o momento em que a luz partiu delas.

Durante o caminho percorrido, a luz tem seus comprimentos de onda esticados pela própria expansão do universo, o que reduz sua energia do espectro visível para a luz infravermelha (que não é vista pelo olho humano). Por isso, precisamos de instrumentos especiais para enxergá-la — e a visão visão infravermelha do James Webb é aguçada.

Graças a ele, astrônomos tem conseguido comparar a estruturas das galáxias antigas com as modernas, que vemos mais próximas da Via Láctea, para entender como elas evoluíram e formaram as estruturas que vemos no universo.

O telescópio também investiga a composição química de milhares de galáxias e exoplanetas (mundos fora do Sistema Solar). Isso poderá explicar quando e como os elementos pesados se formaram — e, talvez, como a vida se originou.