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'Conversei com hacker': jovem revela lábia de milhões para reaver Instagram

Ana Rios, de 25 anos, conversou com hacker para ter conta devolvida - Reprodução/Twitter
Ana Rios, de 25 anos, conversou com hacker para ter conta devolvida Imagem: Reprodução/Twitter

Franceli Stefani

Colaboração para Tilt

10/12/2022 04h00

Já imaginou ter sua conta de rede social invadida por um hacker, trocar mensagens com o golpista e, então, recuperá-la? A lábia de milhões da estudante Ana Rios, de 25 anos, tornou isso possível. Ela teve o próprio perfil do Instagram hackeado no dia 22 de novembro, enquanto trabalhava, e foi avisada por uma amiga.

Depois de entrar em contato com a plataforma, sem obter nenhum retorno, decidiu — ela mesma — falar com o golpista. "Como eu já não tinha mais acesso e não tinha solução, entrei em contato com ele para ver se ele simpatizava (comigo)".

Os colegas do trabalho até a aconselharam do contrário, mas a estudante não deu ouvidos e tentou. "No mesmo minuto ele respondeu e tivemos a primeira conversa, em que disse que ia devolver, mas não nos falamos mais e ele não devolveu".

A mensagem da conversa inusitada com o hacker foi printada e divulgada nas redes sociais. O pedido inusitado de Ana viralizou.

"Oi moço ou moça. Aqui é a Ana, dona da conta. Será que você poderia por gentileza devolver meu Insta?", perguntou. "Eu gosto bastante dele, verãozinho chegando, queria poder flertar com os contatinhos, mas se você não for devolver, pode pelo menos avisar que não vai devolver", argumentou.

O invasor respondeu: "vou devolver pra você, tá bom? Mais tarde eu te mando. Só dar uma postada hoje para ganhar uma grana porque estou liso".

Depois que o conteúdo da conversa foi parar no Twitter, muitas pessoas foram até o Instagram, a seguiram e, então, o hacker mandou mensagem novamente. Funcionou.

"Achei que a melhor opção que tinha para recuperar a conta era ser honesta e tentar levar na brincadeira, acho que ele gostou e deu certo." A conta foi devolvida no dia 7 de dezembro.

Embora a tentativa tenha dado certo, a estudante sabe que é um caso isolado. "Percebi como a gente está insegura nas redes e pode ser invadida a qualquer momento. Eu me senti muito invadida e exposta".

Ela lembra que outras pessoas são vítimas e não conseguem reaver suas contas.

"Apesar de eu ter levado na brincadeira e ter sido simpática com ele para conseguir o que eu queria, ele aplicou um golpe. Uma das meninas que me seguia caiu no golpe e perdeu mil reais. Quando eu vi a conversa não acreditei."

Veja dicas para não cair na mão do hacker

  • Senhas fortes: Use-as em todas as suas contas pessoais ou profissionais e nunca repita a senha para mais de uma conta/serviço. Uma senha forte deve conter no mínimo 12 caracteres, misturando letras maiúsculas, minúsculas, números e símbolos, evitando remeter a palavras conhecidas ou combinações numéricas comuns como datas de aniversário ou endereços. Se possível, troque periodicamente as senhas dos serviços mais usados.
  • Proteção de dois fatores: Habilite a autenticação em duas etapas sempre que o site ou sistema permitir. Isso é essencial. Desta forma, mesmo que sua senha seja comprometida, será necessária uma confirmação extra para acessar sua conta. No caso do WhatsApp, a autenticação inclui uma senha PIN que protege o seu número de telefone.
  • Sem senha salva. Como regra geral, não é recomendável deixar as suas senhas salvas em seu navegador nem anotadas em aplicativos desprotegidos.
  • Clique apenas em links com origem e destino confiáveis. Esteja atento aos remetentes de e-mails e mensagens em geral. Desconfie quando alguma mensagem indicar urgência de alguma ação ou medida de sua parte. Desconfie também de links encurtados.
  • Revise as configurações de privacidade de suas redes sociais e tente colocar o máximo de informação possível como privada, ou apenas acessível a amigos e contatos de confiança.
  • No celular, use uma senha ou padrão de bloqueio em seu celular. Isso é uma maneira direta de proteger seus aplicativos e os dados que estiverem neles. Quanto mais forte e complexa a senha, melhor. Padrões --aqueles desenhos que vocë faz entre nove pontinhos-- são menos recomendados por especialistas.