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Cientistas podem ter encontrado buraco negro mais perto da Terra até agora

Ilustração de uma estrela parecida com o Sol e um buraco negro em sua órbita - ESO/L. Calcada - Reprodução Universe Today
Ilustração de uma estrela parecida com o Sol e um buraco negro em sua órbita Imagem: ESO/L. Calcada - Reprodução Universe Today

Colaboração para Tilt, do Recife

21/09/2022 13h32Atualizada em 23/09/2022 09h00

Após uma década de observações e pesquisas, cientistas do Observatório Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), podem ter encontrado o buraco negro mais próximo da Terra que se tem registro. Segundo eles, é possível que haja milhares deles "adormecidos" e muito próximos de nós.

A pesquisa ocorreu a partir da análise de uma estrela — batizada de Gaia BH1 — semelhante ao Sol, orbitando na Via Láctea. O que chamou a atenção dos pesquisadores é que as características orbitais dela eram diferentes — e que ela não estava sozinha.

A hipótese trabalhada pelos cientistas é de que trata-se de um sistema binário, com uma estrela e um buraco negro orbitando um em torno do outro. Gaia BH1 e seu companheiro espacial estão a 1.570 anos-luz da Terra, três vezes mais perto do que o recordista anterior.

Os resultados do estudo serão publicados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Eles podem ser acessados no repositório arxiv (ainda sem revisão por pares, quando outros cientistas analisam a pesquisa), que recebe artigos antes de serem publicados nas revistas especializadas.

Buraco negro próximo da Terra

Nas observações, a pesquisa liderada pelo astrofísico Kareem El-Badry indica que o buraco negro parece estar "comendo a estrela companheira".

"Os dados do Gaia restringem como a estrela se move no céu, traçando uma elipse enquanto orbita o buraco negro. O tamanho da órbita e seu período nos dão uma ideia da massa de seu companheiro invisível - cerca de 10 vezes o tamanho do Sol [do sistema solar]", disse o cientista, em entrevista ao Universe Today e replicada pelo site Science Alert.

Para ter mais dados concretos da possível existência do buraco negro perto da Gaia BH1, os pesquisadores utilizaram outros telescópios e espectômetros, fazendo assim observações e medições de velocidade mais detalhadas.

Esses espectros medem, por exemplo, as forças gravitacionais que influenciam na órbita daquele corpo celeste. El-Badry explicou que esse método, chamado Espectroscopia Doppler, é praticamente o mesmo usado na busca por exoplanetas (planetas fora do nosso sistema).

Ainda de acordo com o astrofísico, a descoberta é apenas a ponta de um iceberg de uma população muito maior de buracos negros espalhados. Modelos computacionais preveem que a Via Láctea contenha pelo menos 100 milhões deles — até agora apenas 20 foram observados.

Os cientistas acreditaram que muitos buracos negros possam estar escondidos em órbitas binárias, tal como o da Gaia BH1, enquanto milhões de outros não são sequer evidentes.

O telescópio espacial Gaia foi lançado em 2013 pela Agência Espacial Europeia (ESA) para mapear a Via Láctea em 3D. Até agora, foram divulgadas diversas descobertas, como terremotos estelares, DNA estelar, movimentos assimétricos de corpos celestes e informações sobre a estrutura da própria Via Láctea.

O pesquisador El-Badry integra as equipes da Harvard Society Fellow do centro de pesquisa Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA) e do Max Planck Institute for Astronomy (MPIA). Atualmente, as instituições atuam na Missão Gaia para catalogar objetos no centro da Via Láctea.

Ele ainda foi acompanhado por pesquisadores das universidades Caltech e UC Berkeley, do Centro de Astrofísica Computacional do Instituto Flatiron (CCA), Instituto Weizmann de Ciências, Observatório de Paris, Instituto Kavli de Astrofísica e Pesquisa Espacial do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), entre outras instituições de ensino.

*Com informações do site Syfy