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Meteorito raro: como um imã gigante vai ajudar a 'pescar' rocha no oceano

Imã magnético vai ser usado para "pescar" restos de meteorito raro - Reprodução
Imã magnético vai ser usado para 'pescar' restos de meteorito raro Imagem: Reprodução

Rafael Souza

Colaboração para Tilt

24/08/2022 04h00

Não é bem uma novidade 'pescar' objetos na água com ímãs. É comum o uso do magnetismo para encontrar joias ou artefatos esquecidos em lagos ou rios, por exemplo. Mas agora cientistas planejam uma operação muito maior, porque o 'objeto' é mais raro e valioso: um meteorito que caiu no oceano Pacífico e que pode ter vindo de fora do Sistema Solar.

A rocha se chama CNEOS 2014-01-08 e tem cerca de meio metro de largura.

A queda no nosso planeta aconteceu no dia 8 de janeiro de 2014, a cerca de 160 quilômetros da costa de Papua Nova Guiné, com cerca de 1% da energia da bomba de Hiroshima.

Se for encontrado, seria a primeira vez que o ser humano teria contato físico com algo que não seja poeira estelar.

Além disso, o meteorito poderia ajudar a compreender as origens do Universo e até indícios de vida fora da Terra.

imã - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

A missão

Batizado de 'Projeto Galileu', a missão tem o objetivo de usar um ímã gigante pelo fundo do oceano para recolher fragmentos do meteorito, já que essas rochas espaciais costumam ter pequenos pedaços de ferro embutidos.

A operação é coordenada por pesquisadores da Universidade de Harvard, que conseguiram comprovar, com 99,9% de precisão, que o meteorito é de fora do Sistema Solar.

Amir Siraj, astrofísico do projeto, disse à revista Live Science que o meteorito estava viajando a uma velocidade acima de 42 quilômetros por segundo, o que ultrapassa o limite da atração gravitacional do Sol.

O Comando Espacial dos Estados Unidos confirmou a informação e cravou que o meteorito estava a 60 quilômetros por segundo.

Como será a 'pesca'

O 'Projeto Galileu' pretende utilizar uma estratégia semelhante a outras usadas em missões de caça a objetos que caem nos oceanos, como fragmentos de barcos e aeronaves, só que desta vez em uma escala maior.

Inicialmente, será criado um trenó magnético, que será acoplado em um guincho de espinhel com alcance de até 1,7 quilômetro.

Esse trenó será lançado ao mar por meio de um navio, que deverá arrastar o trenó magnético no fundo do oceano, por 10 dias.

Trenó magnético construído pela Miko Marine - Miko Marine - Miko Marine
Trenó magnético construído pela Miko Marine
Imagem: Miko Marine

Os cientistas não esperam remover todo o meteorito, mas pequenos fragmentos, que já serão suficientes para serem estudados.

O único problema é o custo para a operação. Será necessário cerca de US$ 500 mil para que todas as etapas sejam executadas. Os cientistas ainda tentam reunir os recursos.

Uma das empresas que já faz esse tipo de trenó é a Miko Marine, que em 2016 produziu a máquina para encontrar fragmentos de um acidente de helicóptero, na Noruega.

Medindo 2 x 1 metro, usando alumínio e 10 poderosos ímãs permanentes, o trenó foi projetado para passar por terrenos acidentados ou quebrados, sem danificar ou ficar preso.

Quando rebocado sobre o fundo do mar, ele pode pegar objetos que estão cobertos por areia ou lodo e alcançar resultados que seriam impossíveis para mergulhadores.

Em outro caso, em 2017, um grupo de voluntários e cientistas do Adler Planetarium, em Chicago (EUA), construiu um trenó subaquático com ímãs de alta potência para arrastar ao longo do fundo do Lago Michigan, com o objetivo de capturar fragmentos de um meteorito que caiu no dia 6 de fevereiro de 2017.

Na época, os pesquisadores não conseguiram encontrar o meteorito no local onde procuraram, mas puderam provar como há artifícios para se encontrar até mesmo rochas espaciais em ambientes aquáticos, quando necessário.

Voluntários do Adler Planetarium testando protótipo para encontrar meteorito no Lago Michigan - Adler Planetarium - Adler Planetarium
Voluntários do Adler Planetarium testando protótipo para encontrar meteorito no Lago Michigan
Imagem: Adler Planetarium