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'Moonfall': a Lua poderia cair na Terra, igual ao filme? Entenda como seria

Sucesso de bilheteria, Moonfall prevê uma colisão devastadora da Lua - Lionsgate
Sucesso de bilheteria, Moonfall prevê uma colisão devastadora da Lua Imagem: Lionsgate

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, em São Paulo

12/02/2022 04h00Atualizada em 14/02/2022 15h49

Em cartaz nos cinemas, o filme de ficção científica "Moonfall - Ameaça Lunar" tem uma premissa perturbadora: a Lua vai cair na Terra. Mas será que isso poderia acontecer de verdade? A ciência tem respostas para isso.

Na sinopse oficial do longa, protagonizado por Halle Berry e Patrick Wilson, é destacado que "por motivos desconhecidos, a Lua sai de sua órbita e passa a se deslocar em direção à Terra. Em situação de emergência, um grupo de cientistas aceita a missão de ir até o satélite e impedir a colisão, antes que a vida humana seja extinta."

Bom, caso este evento catastrófico ocorresse, a vida humana seria extinta, todos os resquícios de civilização destruídos, e o planeta entraria em um grande inverno nuclear. Pedaços da Lua despedaçada se espalhariam em volta da Terra, provavelmente formando anéis como os de Saturno e até pequenas colisões secundárias.

Para se ter uma ideia, o asteroide responsável pela extinção dos dinossauros tinha cerca de 12 km de diâmetro. A Lua tem quase 3.500 km e, a Terra, pouco menos de 13 mil km.

E qual a chance de acontecer de verdade?

Fisicamente falando, isso nunca irá acontecer no mundo real. Um dos motivos é o chamado Limite de Roche.

A Lua orbita a Terra a uma distância média de 385 mil quilômetros. Este movimento é regido pelas forças gravitacionais dos dois corpos — nosso planeta tende a "puxar" objetos menores. A grosso modo, isso quer dizer que a Lua está "caindo" na Terra o tempo todo.

Mas isso não quer dizer que ela esteja se aproximando; está distante o suficiente e se move rápido o bastante para não ser puxada até a superfície terrestre. Ou seja, sua órbita estável e em alta velocidade (3.670 km/h) impede uma queda. Para que nosso satélite de fato caísse, seria necessário diminuir muito a velocidade relativa, e consequentemente a distância, entre os dois corpos celestes.

"O limite de Roche é um ponto entre dois objetos gravitacionalmente ligados, onde as forças das marés superam a gravidade. Em termos mais simples, se a Lua chegasse a cerca de 18.500 km acima da superfície do planeta, a gravidade da Terra seria mais forte do que a gravidade que a sustenta. Mas, dessa forma, ela seria destruída antes de aterrissar", informa o site Syfy.

Cientistas vão até a ISS enquanto a Lua cai  - Lionsgate/divulgação - Lionsgate/divulgação
Cena do filme "Moonfall"
Imagem: Lionsgate/divulgação

Força misteriosa (contém spoilers)

No filme, uma "força misteriosa" empurrou a Lua; o impacto devastador com a Terra acontecerá em poucas semanas. Enquanto ela se aproxima, cientistas vão até a Estação Espacial Internacional (ISS), no aposentado ônibus espacial Endeavor, para tentar impedir a colisão e salvar o planeta.

No mundo real, a única possibilidade de nosso satélite sair de órbita seria se algum asteroide ou cometa se chocasse com ela. Pequenos impactos são relativamente comuns — vide as crateras da superfície lunar —, mas, para atingir a força necessária para um deslocamento apocalíptico, o objeto teria de ser enorme, com milhares de quilômetros de diâmetro (pelo menos o mesmo tamanho da própria Lua) e altíssima velocidade.

Os cientistas desconhecem qualquer rocha espacial errante desta magnitude no Sistema Solar. O maior asteroide conhecido é 70 vezes menos massivo que a Lua. E, se um dia algo monstruoso aparecer, sua aproximação será prevista com anos de antecedência pela Nasa e outras agências espaciais que estão constantemente monitorando o universo.

Em "Moonfall", a explicação acaba sendo uma das preferidas da ficção científica: os cientistas descobrem que nosso satélite não é tão natural assim. A Lua seria uma megaestrutura construída por uma civilização alienígena muito avançada, bilhões de anos atrás.

Aqui no mundo real e científico, uma das principais hipóteses para a formação de nosso satélite é que ele teria surgido a partir de detritos do impacto de um pequeno protoplaneta, hipoteticamente chamado Theia, com a Terra. Outra teoria sugere que tanto a Lua como a Terra se formaram após a colisão de dois corpos enormes, cada um com cinco vezes o tamanho de Marte.

Seja como for, a Lua é nossa companheira mais próxima, desde a época em que a Terra se formou, há 4,5 bilhões de anos. E continuará sendo presença constante em nosso céu. Podemos apreciar todas as suas belas fases com a tranquilidade de que ela não irá a lugar algum.