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Por que é importante a humanidade ter tocado a atmosfera do Sol pela 1ª vez

Sonda Parker chegou muito perto do Sol - History Channel Brasil
Sonda Parker chegou muito perto do Sol Imagem: History Channel Brasil

Do Tilt, em São Paulo

16/12/2021 15h46Atualizada em 16/12/2021 15h46

"Durante séculos, a humanidade só foi capaz de observar essa atmosfera de longe. Agora, finalmente chegamos", disse na terça-feira (14) Nicola Fox, diretor da divisão de heliofísica da Nasa. "A humanidade tocou o sol."

Este foi realmente um passo importante para as pesquisas astronômicas. Estudar esta superfície pode nos ajudar a entender como o Sol cospe partículas carregadas, que podem representar problemas para satélites e exploradores espaciais, e até prever essas explosões.

"Este marco não apenas nos fornece percepções mais profundas sobre a evolução de nosso Sol, seus impactos em nosso Sistema Solar e nos ensina mais sobre as estrelas no resto do Universo", ressaltou Thomas Zurbuchen, coordenador do diretório de missão científica da Nasa.

É também um passo para entender outras estrelas além do nosso sistema solar. "São fenômenos estelares, não apenas fenômenos solares", afirmou Kelly Korreck, da equipe responsável pela sonda Parker, que deve circular cada vez mais perto do Sol até 2025, quebrando repetidamente seus próprios recordes.

Ela é a espaçonave que se move mais rápido e mais próximo do Sol.

A sonda Parker, da Nasa, encostou oficialmente na atmosfera do Sol pela primeira vez na história em abril, mas só nesta semana os cientistas da agência espacial norte-americana fizeram o anúncio. Eles demoraram meses para obter os dados da nave e confirmá-los.

Lançada em 2018, ela fez uma viagem pela camada mais externa da atmosfera do Sol, conhecida como coroa. Durante o mergulho, coletou amostras de partículas e campos magnéticos. Estava a 13 milhões de quilômetros de distância da superfície do Sol quando "mergulhou" para dentro e para fora da coroa pelo menos três vezes, cada uma com uma transição suave, de acordo com os cientistas.

Em 2019, a sonda havia detectado que estruturas magnéticas no vento solar, chamadas de zigue-zague, ocorriam com frequência perto do astro, mas como e onde elas se formavam permanecia um mistério.

Quando a distância da sonda ao Sol caiu pela metade, a Parker passou perto o suficiente para identificar o lugar de origem dessas estruturas: a superfície solar.

Diferentemente da Terra, o Sol não tem uma superfície sólida e sim uma atmosfera superaquecida, feita de material solar ligado a ele pela gravidade e forças magnéticas. O calor e a pressão empurram esse material para longe do Sol, até que a gravidade e os campos magnéticos ficam fracos demais para contê-lo.

Esse fenômeno dá origem ao vento solar, que é um fluxo contínuo de partículas energéticas emitidas pela coroa solar, que pode afetar as atividades na Terra, desde os satélites até as telecomunicações.

Nour Raouafi, da Universidade Johns Hopkins e cientista de projeto da sonda Parker, afirmou que futuros mergulhos na atmosfera solar ajudarão cientistas a entenderem melhor a origem do vento solar e como ele é aquecido e acelerado através do espaço.

A primeira passagem pela coroa, que durou apenas algumas horas, é uma das muitas previstas durante a missão. A sonda continuará se aproximando do Sol e avançando na coroa até uma grande órbita final em 2025.