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Empresa quer lançar foguetes com 'estilingue gigante' ; veja como funciona

Acelerador suborbital da SpinLaunch - SpinLaunch/Reprodução
Acelerador suborbital da SpinLaunch Imagem: SpinLaunch/Reprodução

Felipe Oliveira

Colaboração para Tilt, em São Paulo

11/11/2021 14h52

Se você já assistiu ao lançamento de um foguete, sabe que após a contagem regressiva é possível ver um grande rastro de fogo que faz parte da propulsão da espaçonave. Mas uma startup está desenvolvendo um método para mudar a forma como os foguetes são lançados ao espaço.

A SpinLaunch já começou os testes para lançar foguetes por uma espécie de "estilingue gigante", que usa energia cinética como principal método para decolar. Segundo a empresa, o primeiro teste, realizado em 22 de outubro, no Novo México, Estados Unidos, levou um protótipo a mais de 3 quilômetros de altura.

A energia cinética é acumulada por meio de uma centrífuga vedada a vácuo que gira várias vezes na velocidade do som (1.234 km/h) antes de soltar o foguete. "É uma maneira radicalmente diferente de acelerar projéteis e lançar veículos a velocidades hipersônicas usando um sistema baseado em terra", disse o presidente executivo da SpinLaunch, Jonathan Yaney, em entrevista à CNBC.

Até o momento, a SpinLaunch levantou US$ 110 milhões (cerca de R$ 593 milhões, na cotação atual) de investidores como Kleiner Perkins, Google Ventures, Airbus Ventures, Catapult Ventures, Lauder Partners e McKinley Capital.

Como foi o primeiro teste

O acelerador suborbital da SpinLaunch mede mais de 50 metros de altura e conta com uma câmera de vácuo presa em um braço giratório. O projétil tem cerca de 3 metros de comprimento e é girado na velocidade do som antes de ser lançado.

Para o primeiro teste, o acelerador suborbital utilizou cerca de 20% de sua capacidade total de potência, o que já foi capaz de lançar o projétil a mais de 3 mil metros de altura. Lembra das aulas de física que falavam sobre o funcionamento da máquina de lavar? Pois bem, é mais ou menos assim que o sistema funciona.

Após girar algumas vezes em altíssima velocidade, acumulando energia cinética, o projétil é lançado por uma abertura "em menos de um milissegundo", segundo a empresa. Um vídeo no site da SpinLaunch mostra o resultado do primeiro teste.

No primeiro voo utilizando a nova tecnologia, o projétil não possuía um motor de foguete a bordo, mas a empresa pretende adicionar esse e outros sistemas internos nos próximos testes. O cronograma da empresa prevê 30 voos testes nos próximos seis a oito meses.

Por que é importante?

Como dissemos no início, os foguetes tradicionais são equipados com um grande propulsor e vários motores para decolar. Esse sistema é alimentado por muito combustível, o que faz com que a maior parte da massa do foguete no momento da partida seja relativa à sua propulsão, sobrando uma pequena porcentagem de sua massa total para carregar cargas úteis.

A ideia da SpinLaunch é inverter essa lógica, o que reduziria o tamanho dos foguetes, bem como sua complexidade e custo, permitindo também que mais objetos possam ser carregados ao espaço.

De acordo com a empresa, o projeto para o seu veículo orbital prevê que ele será capaz de levar 200 quilos de carga útil para órbita terrestre - o que equivale ao peso de pequenos satélites.

Em entrevista para a CNBC, a SpinLaunch não revelou quais clientes já fecharam contratos de lançamentos utilizando o "estilingue superpoderoso", mas já se sabe que a empresa assinou um contrato com a Unidade de Inovação de Defesa do Pentágono em 2019 para seus primeiros lançamentos orbitais experimentais.