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De jeans e moletom: conheça a história do jovem padroeiro da internet

Beato Carlo Acutis, previsto para se tornar o santo padroeiro da internet - gaudiumpress.org/Reprodução Wikimedia Commons
Beato Carlo Acutis, previsto para se tornar o santo padroeiro da internet Imagem: gaudiumpress.org/Reprodução Wikimedia Commons

Thiago Varella

Colaboração para Tilt

07/10/2020 04h00

O corpo do jovem Carlo Acutis está exposto desde quinta-feira (1º) para veneração pública em Assis, na Itália. Trata-se de um adolescente de 15 anos que morreu em 2006, vítima de leucemia, e que vai ser beatificado no próximo sábado (10). Se tudo correr como previsto, alguns anos depois da beatificação Acutis será canonizado e poderá se tornar o santo padroeiro da internet.

Quem sabe, os fiéis católicos poderão, um dia, acender uma vela para um santo de moletom e jeans para pedir proteção contra fake news, por exemplo.

Quem foi o jovem?

Acutis nasceu em Londres, em 1991, viveu em Milão e morreu em Monza. Era, aparentemente, um adolescente comum que ia à escola, gostava de jogar bola e tinha alguns amigos. No entanto, o jovem era extremamente religioso. Segundo o site oficial de notícias da Santa Sé, o Vatican News, ele tinha o hábito de ajudar os mais pobres com roupas e cobertores e de converter imigrantes de outras religiões ao catolicismo.

No entanto, Acutis se tornou conhecido por suas habilidades como programador. Aos dez anos, ele começou a documentar milagres eucarísticos ao redor do mundo em um site, que começou a fazer muito sucesso depois da morte dele.

"Carlo era talentoso em tudo relacionado a computadores, de modo que seus amigos e os adultos com formação em engenharia da computação o consideravam um gênio. Todos ficaram surpresos com sua capacidade de entender os segredos do computador, que normalmente são acessíveis apenas para aqueles que concluíram a universidade", diz o site criado em defesa da beatificação de Acutis.

Segundo a mãe de Acutis, Antonia Salzano, o menino tinha apenas um computador simples e aprendeu a programar usando livros universitários, já que via a internet como uma forma de espalhar sua fé.

Fez site católico ao dez anos

Pode existir algum exagero ao chamar o jovem de dez anos de gênio da computação. A verdade é que o menino documentou 136 milagres atribuídos à eucaristia ocorridos ao longo da história em diversos países e reconhecidos pela Igreja Católica e os reuniu em uma espécie de museu virtual.

O site "Os Milagres Eucarísticos no Mundo" está online até hoje, é administrado pela Associação Amigos de Carlo Acutis e foi traduzido para diversos idiomas, inclusive o português.

Por isso, no ano passado, o papa Francisco homenageou o jovem e afirmou que seu uso da internet para "comunicar valores e beleza" era o antídoto perfeito para os perigos das redes sociais.

"Todo mundo nasce original, mas muitos morrem como fotocópias", disse o pontífice, repetindo uma frase usada por Acutis para que os jovens não percam a individualidade na internet.

O cardeal Angelo Becciu, diretor da Congregação para a Causa dos Santos, departamento do Vaticano que regulamenta a canonização dos novos santos, é um dos religiosos empolgados com Acutis. Para ele, o jovem seria o candidato perfeito para se tornar o padroeiro da internet.

"Essa é a minha esperança. Ele seria um exemplo ideal para todos os jovens", disse Becciu ao jornal Los Angeles Times.

Os católicos acreditam que os santos são intercessores junto a Deus, a quem as pessoas podem pedir proteção e recorrer. Por isso, os santos podem ser declarados padroeiros de determinadas regiões, profissões ou atividades, caso tenha alguma afinidade especial com elas. Nossa Senhora Aparecida, por exemplo, é a padroeira do Brasil e pode advogar pelos brasileiros junto a Deus.

Internet já tem padroeiro extraoficial

A internet já conta com um padroeiro, digamos, extraoficial. Santo Isidoro de Sevilha registrou tudo o que sabia em uma enciclopédia e, por ter sido um precursor do Google lá no século 7, é considerado o patrono da rede de computadores. Muitos dizem que foi o papa João Paulo 2º quem deu o título ao santo. O cardeal Becciu, no entanto, discorda. "Não há nada sobre isso nos arquivos do Vaticano", afirmou.