Como resolver problemas rapidamente sem ser "fora da real"? Makers discutem

O universo maker tem dado as caras na luta contra o coronavírus, iniciativas dos chamados 'fazedores' têm ajudado a tornar processos mais simples e criar, reinventar e encontrar soluções, ou ao menos parte delas, de uma maneira mais rápida.

No sétimo episódio do podcast "Deu Tilt", o colunista do canal de ciência e tecnologia do UOL Ricardo Cavallini, o Cava, conta com a ajuda de seis profissionais do mundo maker para responder perguntas enviadas pelos leitores. No bate-papo os desafios, dificuldades, tendências, acertos e erros dos makers são discutidos.

Será que dá para resolver problemas de forma rápida e sem se descolar da realidade? Correndo o risco de criar equipamentos que na verdade não irão ser aproveitados pelos profissionais de saúde que estão na linha de frente dessa epidemia?

Quem ajudou a trazer um panorama e contextualizar o que pode ser feito a esse respeito foi Gabi Agustini, apresentadora do programa Conexão Maker, no canal Futura, e fundadora do Olabi, que comentou sobre o que os makers estão aprendendo trabalhando em iniciativas em meio à Covid-19 (ouça a partir de 26:37).

"A grande contribuição dos makers nesse processo é a agilidade na resposta, a capacidade de muito rápido, conseguir do dia para noite, de uma hora para outra, juntar máquina, pessoa, equipamento, competência técnica [...] sair fazendo o que tem para fazer", comentou Agustini.

No entanto, também sinalizou dificuldades. "Às vezes falta um pouco de estratégia, um olhar processual, que às vezes respira [...] e pensa, mas para onde isso vai? Será que eu preciso fazer esse tanto de unidades [...] isso é usado no Brasil? [...] Senão, a gente corre o risco de desperdiçar um potencial muito grande [...] Se você não checar com uma unidade de saúde local, com quem vai usar aquilo na ponta, aquilo não vai fazer sentido", explicou ela.

E foi pensando nesse problema, que Gabi Agustini comentou que no Olabi estão trabalhando no desenvolvimento de uma plataforma, justamente para conectar pontas e conseguir transmitir aos makers o que realmente os hospitais, por exemplo, estão precisando e assim fazer com que a demanda dos makers seja realmente efetiva nessa linha de frente.

Cava chamou na conversa Edson Pavoni, artista e tecnologista co-fundador de várias empresas de tecnologia, para responder se após o isolamento, parte da cultura maker de fazer, botar a mão na massa e reutilizar as coisas pode chegar ao dia a dia das pessoas em suas casas (ouça a partir de 32:17).

"A gente tá sendo obrigado a reutilizar os materiais. Só dar um Google em máscaras criativas para coronavírus que você vai ver desde absorvente até garrafa PET sendo usado como máscara [...] tem um universo de limitação que faz a gente ressignificar objetos [...] é uma coisa que a gente vai fazer um pouco mais, mas não acredito que vai ser muito mais", opinou ele.

Para Pavoni a grande mudança ficará a cargo da conexão. "Vai ser mais profundo nesse movimento de mudança, é essa conexão social que a gente tá vendo que tá dando certo [...] A gente não pode ficar perto fisicamente, mas a gente tá superconectado com todo mundo, o tempo todo conversando com todo mundo e acho que a gente tá entendo que estar conectado é mais amplo e as ferramentas digitais nos ajudam bastante nisso", disse (ouça a partir de 33:21).

Também participaram do programa Rita Wu, arquiteta, designer, pesquisadora e diretora de comunicação e conteúdo no Instituto Fab Lab Brasil, Marcos Oliveira, fundador do Instituto MeViro, organização que trabalha com educação maker e mantém um espaço maker aberto à comunidade em Brasília, Nagib Nassif, CEO da Bolha e CTO da Questtonó, empresas que fazem criação e desenvolvimento de protótipos e design e Pedro Salum, engenheiro de computação e cofundador da LoopKey, startup de controle de acesso para o mercado imobiliário.

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Iniciativas e projetos citados

• Instituto Fab Lab Brasil - plataforma para divulgar e apoiar a Cultura Maker ajudando a viabilizar projetos de fabricação digital entre a sociedade, empresas, escolas, universidades, governos, fab labs, makerspaces e makers.
• Instituto MeViro - educação maker com um espaço aberto à comunidade em Brasília
• Bolha - Estúdio de inovação e design
• Questtonó - Consultoria de Inovação e Design
• Olabi - organização que trabalha com movimento maker para democratizar a produção de tecnologia
• Makers Contra a Covid-19 - grupo autônomo com foco em utilizar a tecnologia para suprir o já previsto déficit de equipamentos de segurança aos profissionais de saúde.
• Inspire - projeto de ventiladores pulmonares de baixo custo idealizado por pesquisadores da Escola Politécnica da USP.
• Arduino - Plataforma de prototipagem eletrônica de hardware de código aberto
• Prusa - iniciativa em código aberto para impressão de face Shields em impressora 3D.