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Partiu, Spacex! Astronautas vão acender fogo na ISS pela 1ª vez; entenda

Foguete Falcon 9, da SpaceX, está de prontidão há mais de um dia para partir com entra para ISS - SpaceX/Divulgação
Foguete Falcon 9, da SpaceX, está de prontidão há mais de um dia para partir com entra para ISS Imagem: SpaceX/Divulgação

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt

05/12/2019 12h58

A SpaceX, do excêntrico bilionário Elon Musk, está enviando alguns novos experimentos curiosos para a Estação Espacial Internacional (ISS). Um deles vai permitir que os astronautas literalmente brinquem com fogo.

Esta não parece ser uma boa ideia dentro de uma nave pairando a mais de 400 km acima da Terra. Mas, nas próximas semanas, os astronautas irão acender uma chama dentro de um túnel de vento em miniatura. O objetivo é entender como o fogo se comporta e se espalha na microgravidade.

Na Terra, a gravidade ajuda a manter o fogo aceso, ao empurrar ar frio e denso para baixo, criando um ciclo de convecção que alimenta as crescentes chamas com oxigênio novo. Quando tiramos a gravidade da equação, entretanto, o fogo se torna muito mais imprevisível.

Se algum dia houver um incêndio real para se lidar na ISS ou em outra nave espacial, é preciso entender como ele vai se espalhar em um ambiente confinado e pressurizado.

Esta não será a primeira vez que os astronautas iniciam fogo proposital dentro de uma nave. Entre 2016 e 2017, em projeto de testes da Nasa chamado Saffire incendiou uma nave Cygnus desocupada, que já havia finalizado suas missões na ISS e iria ser deixada para queimar na atmosfera de qualquer forma. O teste mostrou que chamas estáveis eram possíveis, sim, na microgravidade, porém, se espalhavam mais lentamente do que na Terra.

Fogo no espaço - Nasa/Divulgação - Nasa/Divulgação
Assim ficou o primeiro experimento da Nasa com fogo na microgravidade
Imagem: Nasa/Divulgação

Já no novo experimento, chamado Combustão Confinada, a chama será acesa dentro da própria Estação, usando uma pequena amostra de combustível. Durante seis meses, os astronautas irão alimentar esse fogo, usando paredes artificiais para criar câmeras dentro do pequeno túnel de vento. Com diferentes configurações de paredes, vão manipular a direção e a velocidade de propagação do fogo (entre 2,5 cm e 10 cm por segundo).

O objetivo é entender mais detalhadamente como o fogo se espalha pelo ambiente e o que acontece se houver obstáculos no caminho. Assim, engenheiros poderiam desenvolver prédios, aqui na Terra, mais resistentes a incêndios.

Ratos e cerveja

O Combustão Confinada é apenas um de diversos experimentos audaciosos que a SpaceX leva hoje à Estação Internacional. O lançamento do foguete Falcon 9 acontece hoje, às 14h51 (horário de Brasília), da Estação da Força Aérea Cabo Canaveral, na Flórida, e você pode acompanhar ao vivo por aqui ou aqui.

Também há ratos geneticamente modificados indo para uma estada de 30 dias no espaço, onde serão tratados para bloquear a função da miostatina (proteína que promove o crescimento muscular). Isso pode ajudar os pesquisadores a impedir a degradação dos músculos e ossos dos astronautas durante as longas missões espaciais.

Outros itens que irão para o espaço são:

  • Experimentos sobre o cultivo de cevada na microgravidade de uma empresa de cerveja;
  • cubeSats (satélite que é um pequeno cubo) do México para testes de comunicação;
  • Novos equipamentos para o laboratório de átomos frios da Nasa, que atualmente trabalha a temperaturas próximas do zero absoluto, mas, no futuro, poderá romper a barreira do 0º K (acredite, o fato já aconteceu em outros experimentos);
  • Uma estação de ancoragem que vai permitir, finalmente, testar um robô que procura vazamentos pela nave.

Tudo isso - e mais - estará a bordo da cápsula Dragon, que deve se separar da segunda parte do Falcon 9 cerca de nove minutos após a decolagem, e conectar-se-á à ISS no domingo, 8 de dezembro. Esta é a 19ª missão de Serviços Comerciais de Reabastecimento (CRS-19) da SpaceX, a 12ª apenas neste ano de 2019.

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