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Diretor do Facebook: problema com fake news é mais complexo do que parece

Sarah Frier

Da Bloomberg

09/10/2017 12h57

O diretor de segurança do Facebook advertiu que o problema das notícias falsas é mais complexo e perigoso de resolver do que o público pensa.

Alex Stamos, que lidera a investigação da empresa sobre o uso da plataforma de rede social pela Rússia antes das eleições presidenciais dos EUA em 2016, fez um alerta sobre a esperança em relação a soluções técnicas que, afirma, podem ter consequências não intencionais de viés ideológico.

É muito difícil detectar notícias falsas e propaganda usando apenas programas de computadores, disse Stamos, em uma série de postagens no Twitter, no sábado.

"Nas grandes empresas, ninguém importante considera os algoritmos como algo neutro", escreveu Stamos, acrescentando que a mídia está simplificando o assunto. "Ninguém conhece os riscos."

As soluções técnicas fáceis se resumiriam a silenciar tópicos que o Facebook sabe que estão sendo espalhados por robôs — o que só deveria ser feito "se você não se incomodar em se transformar no Ministério da Verdade" com sistemas de aprendizado de máquinas "treinados de acordo com seus preconceitos pessoais", disse ele.

Os comentários de Stamos lançam uma luz sobre o fato de o Facebook ter adicionado mais 1.000 pessoas à equipe de análise de sua publicidade em vez de tentar uma solução automatizada.

A empresa enviou uma nota aos anunciantes para informar que começaria a revisar manualmente os anúncios direcionados a pessoas com base em aspectos políticos, religiosos, étnicos ou sociais. A empresa está tentando descobrir como monitorar o uso de seu sistema sem censurar ideias, depois que o governo russo usou contas falsas para espalhar a discórdia política nos EUA antes das eleições.

"Muitas pessoas não estão pensando muito a respeito do mundo que estão pedindo para [o Vale do Silício] construir", escreveu Stamos. "Quando os deuses querem nos castigar, eles atendem às nossas preces."

O Facebook entregou mais de 3.000 anúncios comprados por entidades russas para investigadores do Congresso que estão investigando a influência russa nas eleições.

O Twitter informou que entregou aos investigadores uma série de propagandas da RT, anteriormente conhecida como Russia Today, uma emissora de TV financiada pelo governo russo.

Representantes do Facebook, do Twitter e do Google, que pertence à Alphabet, devem prestar depoimento ao Congresso dos EUA sobre o assunto em 1o de novembro.