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Sua senha é horrível e todos querem corrigi-la

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Imagem: GETTY IMAGES

Nate Lanxon

Bloomberg

10/05/2017 08h37

As manchetes a respeito de grandes violações de dados se tornaram rotineiras e ainda assim, para a maioria das pessoas, a conveniência das senhas ainda supera a segurança.

É por isso que, ano após ano, a senha mais popular do mundo continua sendo "123456", uma combinação tão óbvia que representava 17% das 10 milhões de senhas comprometidas analisadas pela Keeper Security, empresa que vende um serviço de gestão de início de sessão.

A resposta, é claro, é se livrar das senhas de uma vez. A tecnologia biométrica -- especialmente os escâneres de impressões digitais -- vêm substituindo constantemente a necessidade de digitar uma senha, que pode ser facilmente adivinhada por hackers que utilizam algoritmos inteligentes.

Agora, com o mundo cada vez mais adotando aparelhos ativados por voz como Amazon Echo e Google Home, as empresas estão começando a criar tecnologias que reconhecem os padrões de fala de uma pessoa. O reconhecimento facial também está começando a se popularizar.

"Nossa visão é acabar com as senhas de uma vez", diz Dylan Casey, vice-presidente de gestão de produtos do Yahoo!, empresa que sofreu grandes violações de segurança. "No futuro, vamos olhar para a época atual e rir do fato de que éramos obrigados a criar códigos de 10 caracteres com letras maiúsculas e minúsculas, um número e caracteres especiais para iniciar sessão, exatamente da mesma forma que os adolescentes de hoje devem rir do conceito de comprar um álbum ou um CD."

A dúvida é se as empresas conseguirão convencer as pessoas a optarem por logins biométricos e se a nova tecnologia se mostrará mais resistente a hackers do que as velhas senhas.

A Apple popularizou o escâner de impressão digital quando o incorporou ao iPhone quatro anos atrás, posteriormente levando a tecnologia para a linha MacBook. Agora a Microsoft está entrando em ação. No mês passado, a companhia começou a permitir que um total estimado de 800 milhões de pessoas que utilizam Outlook.com, Xbox.com, Skype.com e outros recursos baseados em nuvem iniciem sessão com um escaneamento da impressão digital em seu smartphone, se escolherem assim. Até outubro ou novembro deste ano "será possível pegar seu telefone, ir até seu PC com Windows 10 e usar apenas a impressão digital para iniciar sessão no PC", diz Alex Simons, encarregado de produtos da divisão de identidade da Microsoft.

A indústria bancária, preocupada há tempos com a segurança, adotou algumas das tecnologias mais inovadoras. O banco britânico Barclays começou a permitir que os clientes ricos verifiquem suas identidades durante os contatos telefônicos por meio de voz em 2014 e lançou uma versão opcional para clientes do varejo no ano passado. "Nossa segurança por voz funciona tomando uma gravação e analisando diferentes padrões de voz, tons de voz, extensões vocais e ritmos", diz Simon Separghan, encarregado dos centros de contato do Barclays no Reino Unido, na Índia e nas Filipinas. Ele disse que o banco atualmente trabalha para implementar a tecnologia em seu aplicativo bancário móvel. HSBC, Citi e Santander também estão começando a permitir que os clientes utilizem suas vozes para iniciar sessão em suas contas bancárias por telefone.

Será que a nova tecnologia é à prova de hackers? Separghan, do Barclays, se mostra otimista em relação ao sistema de login ativado por voz do banco e afirma que até o momento não houve violações. "Estamos muito confiantes de que o sistema é tão único quanto uma impressão digital", diz ele. "Por isso, independentemente de as pessoas estarem gravando e depois reproduzindo esse áudio, o sistema tem a capacidade de detectar isso."

Mas Michela Menting, diretora de pesquisa de segurança digital da ABI Research, não tem tanta certeza. "Com a inteligência artificial, haverá máquinas capazes de clonar as vozes humanas e talvez fingirem ser outra pessoa", diz ela

"Enquanto não tivermos aparelhos incorporados em nós que possam agir como senha", diz ela, "eu realmente não vejo as senhas perderem a guerra pela autenticação tão cedo". Os hackers contam com isso.