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Esqueça a guerra comercial. China quer vencer na computação

Philippe Lopez/AFP
Imagem: Philippe Lopez/AFP

Susan Decker e Christopher Yasiejko

09/04/2018 12h27

Enquanto os EUA e a China ameaçam impor tarifas sobre produtos como alumínio e vinho, os dois países estão travando outra batalha econômica que pode definir quem comandará a próxima onda de computação.

Universidades chinesas e empresas de tecnologia dos EUA, como a International Business Machines e a Microsoft, estão correndo para desenvolver computadores quânticos, um tipo de processador que deve ser tão poderoso que poderia revolucionar o modo em que laboratórios farmacêuticos, empresas agrícolas e fabricantes de veículos descobrem compostos e materiais.

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A computação quântica usa o movimento de partículas subatômicas para processar dados em quantidades que os computadores modernos não podem manipular. Principalmente teórica agora, espera-se que essa tecnologia seja capaz de realizar cálculos que fariam com que os computadores atuais se parecessem a um ábaco.

Não se sabe qual é o investimento geral realizado pela China, mas o governo está construindo um Laboratório Nacional de Ciência da Informação Quântica de US$ 10 bilhões em Hefei, província de Anhui, que deve ser inaugurado em 2020. A pesquisa quântica financiada pelos EUA totaliza cerca de US$ 200 milhões por ano, de acordo com um relatório governamental de julho de 2016, e alguns pesquisadores e empresas não acham que isso seja suficiente.

Uma "aplicação excelente" pode ser a criptografia, a tecnologia de codificação que protege o comércio global e as comunicações modernas. A China, universidades chinesas e instituições financeiras ocidentais estão correndo para patentear mais maneiras de usar a tecnologia quântica para criptografia, segundo um estudo da empresa de pesquisa Patinformatics.

'Impossível de hackear'

"Estamos falando sobre criptografar dados para que eles não possam ser violados, pelo menos por um computador tradicional", disse Tony Trippe, diretor administrativo da Patinformatics, com sede em Dublin, Ohio. "Seria um sistema impossível de hackear."

Além disso, este sistema poderia decifrar a criptografia de um computador tradicional. "Uma organização ou um país que tivesse tecnologias de computação quântica teria muito mais facilidade para causar estragos em outros sistemas", disse ele.

O presidente dos EUA, Donald Trump, acusou o governo chinês em março de roubar propriedade intelectual ao obrigar empresas americanas a compartilhar seus segredos mais valiosos e assinar acordos de joint venture com empresas locais a fim de poder operar na China, embora não haja alegações específicas sobre computadores quânticos.

Inovação chinesa

A China também tem sido agressiva ao impulsionar a inovação nacional e apoia empresas na obtenção de patentes e marcas registradas em todo o mundo, além de ter aumentado seu financiamento para pesquisa. Em seu quadro de resultados anuais, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico afirmou que a China é "a segunda maior potência científica", atrás dos EUA.

Empresas de tecnologia, como Microsoft, IBM e Google, da Alphabet, consideram que a computação quântica será a próxima revolução.

"Com o tempo, o campo quântico da computação será tão importante que redefinirá a categoria dos computadores", disse Dario Gil, vice-presidente de pesquisa sobre inteligência artificial da IBM. "É o futuro da computação."

Com a colaboração de Dina Bass Jeremy Kahn e Ian King