Em Cannes, diretor Cronenberg diz que possível proibição do aborto nos EUA é 'insana'
A possível reviravolta nos Estados Unidos de uma decisão que estabeleceu um direito nacional ao aborto é "completamente insana", disse o diretor canadense David Cronenberg ao apresentar em Cannes seu filme mais recente, que explora temas perenes do corpo humano e controle.
"Eu escrevi [o roteiro do filme] 20 anos atrás, mas... mesmo assim, se podia sentir que isso estava chegando, esse tipo de propriedade opressiva [de corpo e] controle", disse ele em entrevista coletiva realizada hoje.
A Suprema Corte dos EUA deve anular a decisão histórica Roe vs. Wade de 1973, abrindo caminho para que os abortos sejam proibidos ou estritamente restringidos em 26 Estados, segundo uma cópia vazada de um rascunho de parecer da Suprema Corte no início deste mês.
"É uma constante na história que em algum lugar do mundo haja algum governo que queira controlar sua população", disse o diretor de 79 anos ao apresentar seu último filme de terror corporal "Crimes of the Future".
"No Canadá... achamos que todo mundo nos EUA é completamente insano... Achamos que os EUA enlouqueceram e não podemos acreditar que as autoridades eleitas estão dizendo as coisas que estão dizendo lá. Não apenas sobre Roe versus Wade, mas todo o resto", afirmou ele.
Em seu último filme, Cronenberg continuou a parceria com o ator Viggo Mortensen, que interpreta Saul Tenser, um artista performático que desenvolve novos órgãos dentro de seu corpo. Lea Seydoux faz sua parceira que realiza uma cirurgia em Tenser para arte.
"Crimes of the Future" é o sétimo filme de Cronenberg em Cannes, e o sangue e o horror já fizeram espectadores saírem das exibições.
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