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Ciclos se encerram: Manoel aborda denúncias na Globo e 'enterra' Encontro

De Splash, no Rio

27/07/2023 04h00

Manoel Soares, 44, deixou a Globo no final de junho após período marcado por polêmicas envolvendo seu nome e o de Patrícia Poeta. Quase um mês depois, o apresentador recebeu Splash para um bate-papo virtual sobre a saída do Encontro e da emissora.

O jornalista falou ainda sobre os novos projetos: o Bombou e a peça "Para Meu Amigo Branco", inspirada em seu livro de mesmo nome. Ele não citou o nome de Patrícia ao longo de uma hora de conversa, mesmo quando as perguntas foram sobre a ex-colega de palco. Por outro lado, rasgou elogios às outras apresentadoras do matinal, Tati Machado e Valéria Almeida.

Questionado se falou com elas após o desligamento da emissora, ele não respondeu objetivamente, mas deixou claro que prefere distanciamento, pelo menos, por enquanto. Para o apresentador, que compara a saída do Encontro a um término de relacionamento, ter esse distanciamento é uma questão de maturidade emocional.

Tenho uma visão pessoal muito tranquila com relação a isso. É superimportante que você dê espaço para que os ciclos se encerrem. Quando você vive uma situação de afastamento, nesse caso por um desligamento de trabalho, e fica insistindo, impondo sua presença nas coisas, isso cria um nível de constrangimento.

No papo, Manoel nega, mais uma vez, que o desligamento da Globo tenha conexão com denúncias no compliance da emissora e frisou que a demissão foi em comum acordo. No entanto, ria quando era questionado sobre notícias relacionadas à demissão dele repercutida em redes sociais e em noticiares de televisão. O riso vem quase como um incômodo para dizer que não é verdade.

Manoel diz não ter inimigos dentro da Globo, estar tranquilo em relação à saída do Encontro e ser bem-visto pelos ex-colegas de produção. "Seria muito bem recebido por todos e todas, são pessoas que fizeram parte da minha vida nos últimos seis anos. Sei que alguns estão preocupados e mandam mensagem, eu respondo, mas eu não estou impondo minha presença."

Além da risada ao responder perguntas mais delicadas, Manoel desconversou em alguns momentos. Ele afirma tomar cuidado com as palavras que usa em entrevistas. Isso é reflexo de seu discurso que culpa a mídia de estar em busca de cliques o tempo todo, principalmente quando desconversa de uma pergunta mais delicada.

"Existe uma demanda de informação porque isso gera um certo engajamento... Mas confesso que não é algo que eu faço questão de ficar alimentando. Muitas vezes, uma palavra dita errada, ou uma coisa ambígua que pode ser mudada de sentido, pode romper uma relação humana."

Ele faz elogios ao antigo programa e pede para os fãs acompanhem o matinal de Poeta, mas sem citá-la novamente. "É um projeto muito precioso para esse país, que informa e ajuda pessoas? Continue conectado ao Encontro. Tem informações que vai ajudar a sua família. É o serviço que uma emissora do tamanho da Globo presta a um país desse tamanho."

Bombou

Manoel deixou claro que o Encontro é passado em sua vida e está bem enterrado. Se evitou falar de Patricia Poeta e desconversou sobre denúncias no compliance da Globo — as quais ele afirmou não poder falar diretamente para não gerar desconfiança sobre a ferramenta — o contrário aconteceu ao falar dos novos projetos. O principal deles é o Bombou, agregador de notícias online com edições diárias.

"É um desejo que eu já tinha desde o começo da minha carreira. É super importante que nós possamos levar às pessoas a maior quantidade possível de ângulos das notícias. Eu acho delicado quando as pessoas ficam reféns somente de um olhar, de um veículo. E hoje, obviamente, ninguém tem tempo de ficar consumindo todas as notícias que chegam."

O agregador de notícias está disponível em plataformas de áudio e vídeo, como Spotify e YouTube, além das redes sociais do apresentador, com episódios inéditos todos os dias, às 17 horas. "Nós estamos, hoje, como 19º podcast mais ouvido do Brasil, isso com uma semana de lançamento. Esperávamos alcançar esse lugar daqui a quatro ou cinco meses, a partir da solidificação de um público, isso veio muito rápido para a nossa surpresa. Na categoria notícias, no Spotify, somos o terceiro podcast mais ouvido do Brasil."

"Para Meu Amigo Branco"

No livro de Manoel Soares, o apresentador afirma ter escolhido a arma do afeto não para queimar os racistas, mas "para queimar o racista dentro de você", amigo branco. Agora, a obra vai inspirar uma peça de teatro dirigida por Rodrigo França no Rio de Janeiro. Ela estreia hoje, no Sesc Copacabana, e fica em cartaz até 20 de agosto. "A peça não é sobre mim, é super importante a gente deixar isso bem nítido. O nome do protagonista da peça não é Manoel."

A peça trata de um episódio de racismo entre crianças da escola. Em cena, as contradições e a falta de posicionamento da escola dão o tom do conflito de um pai negro e um pai branco, que minimiza a dor e sofrimento dessa família preta. A trama traz à tona as primeiras construções sociais racistas, quando pais e filhos, ainda na tenra infância, se dão conta de que a sociedade não destina o mesmo tratamento para pretos e brancos.

"O livro hoje está na lista de um dos mais vendidos no segmento da Amazon. Fiquei mais feliz ainda quando chegou o convite para virar uma peça de teatro. O que a gente produz vai saindo de controle. São tantas coisas boas, tantas pessoas legais que se aproximam de mim, por isso que eu não leio bobagem com o meu nome. Tem muita coisa bonita acontecendo."

Serviço - "Para Meu Amigo Branco"
Quando De 27/7 a 20/8; de quinta a domingo, às 20h
Onde Arena do Sesc Copacabana (R. Domingos Ferreira, 160) -- ingressos a partir de R$ 7,50
Classificação 14 anos
Duração 70 min