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Vítima de Felipe Prior relata estupro em carro: 'Fez uma poça de sangue'

Colaboração para Splash, em São Paulo

17/07/2023 00h08

A mulher que denunciou Felipe Prior por estupro cometido em 2014 deu detalhes do crime pelo qual o ex-BBB foi condenado recentemente a seis anos de prisão em regime semiaberto.

Em entrevista ao Fantástico, a vítima, atualmente com 31 anos, explicou que conheceu Prior na época em que eles faziam faculdade de arquitetura em uma instituição privada de São Paulo, mas eram de períodos diferentes. Os dois se aproximaram por intermédio de uma amiga em comum, e combinaram um esquema de caronas porque todos "moravam próximos" na zona norte da capital.

Ferida aberta. "Sempre vai ser uma ferida aberta. Infelizmente ela faz parte da minha história, e o que posso fazer com ela hoje é mostrar para o mundo que nenhuma mulher merece ter uma ferida dessas. Eu posso ajudar as outras mulheres a terem coragem de se posicionar, porque isso precisa parar", afirmou.

No dia do crime, cometido em 8 de agosto de 2014, a vítima, então com 22 anos, tinha ido a uma festa na USP (Universidade de São Paulo), à qual Prior também compareceu. Ela disse que encontrou o ex-BBB quando estava indo embora, e ele ofereceu carona. Ela e a amiga aceitaram. Inicialmente, o arquiteto deixou a amiga em casa e depois foi levá-la.

No meio do caminho, conforme seu relato, Prior parou o carro, começou a beijá-la, foi para a parte de trás do veículo e a puxou. "À medida que as coisas iam acontecendo , ele se tornava cada vez mais agressivo comigo. Eu falei: 'Felipe, eu não quero, não quero'. Comecei a tentar resistir fisicamente e ele começou a puxar meu cabelo, começava a me segurar pelos braços, pela cintura, proferiu umas frases muito... Ele começou a falar pra eu parar de me fazer de difícil, que é claro que eu queria, que agora não era hora de falar que não, e começou a forçar penetração."

Prior machucou sua parte íntima e provocou sangramento. "Quantas vezes eu preciso falar 'não' para a pessoa entender que ela está me machucando? Que está me violentando? E ele é muito mais forte que eu. Eu não tinha como sair dessa situação. Foi bem doloroso. Eu gritei, começou a sair muito sangue. Foi o susto que ele teve que levar para parar a situação, porque fez uma poça de sangue no carro dele, nele, ele perguntou se eu queria ir para o hospital, aí eu falei que 'não', que eu só queria ir para minha casa."

Quando chegou em casa, ela explicou que tentou estancar o sangramento mas, sem sucesso, precisou ir ao hospital. "Quando eu cheguei na minha casa eu fui direto para o banheiro, fiquei no chuveiro tentando estancar o sangue sozinha, mas minha pressão já estava muito baixa. Fui acordar minha mãe e pedi para ela me ajudar, e aí ela deu uma olhada no machucado, levantou e falou 'a gente vai para o hospital'".

No hospital, a médica constatou que houve uma laceração de grau 1 compatível com penetração. A médica teria perguntado o que havia acontecido, mas ela explicou que não quis falar.

Após o estupro, Felipe Prior mandou mensagem para saber como ela estava, e a vítima disse que estava machucada, que "havia feito ferida" e pediu para que ele não contasse o ocorrido a ninguém. "Eu estava com medo dele falar para as outras pessoas e eu ficar marcada por essa situação. Eu não queria que as pessoas me vissem, me enxergassem e pensassem nisso."

A mulher relatou que demorou para compreender que havia sido vítima de Felipe Prior. "Eu não me via assim. Fui escondendo de mim mesma, fui evitando lidar com essa situação. Eu achava que ia conseguir apagar isso da minha vida e seguir em frente como se nada tivesse acontecido, mas isso não aconteceu. Eu tive crise de pânico, crise de ansiedade, agravaram muito mais a minha situação psicológica."

Ela também contou que ao ver Prior no BBB 20 teve uma crise de ansiedade. "Vi o rosto dele pela primeira vez em muitos anos. Eu só decidi denunciar tudo o que aconteceu depois que eu comecei a receber das minhas amigas prints de tweets de outras mulheres falando que tinham sido abusadas e violentadas por ele."

Atualmente, Felipe Prior enfrentar outras três denúncias de estupro. Em um inquérito ele já é réu, e nos outras duas denúncias é investigado. O ex-BBB nega as acusações e se diz "inocente".

Condenação

Felipe Prior foi condenado no último sábado (8) a seis anos de prisão em regime semiaberto por estupro. A denúncia foi feita em 2020. A decisão é da juíza Eliana Cassales Tosi Bastos, da 7ª Vara Criminal de São Paulo.

A vítima afirma que foi estuprada por Prior em 2014. Na decisão, a magistrada argumentou que o famoso se valeu da força física para praticar violência e que movimentou a vítima de maneira agressiva.

A juíza diz que não há dúvida de que houve crime. De acordo com ela, o prontuário médico atesta laceração na região genital. Além disso, a decisão também se baseia em prints de mensagens entre a jovem e o réu, depoimentos dela, de Prior e de testemunhas de defesa e de acusação.

A equipe de advogados do ex-BBB disse que vai recorrer da decisão. "Nele acreditamos integralmente, depositando-se crédito irrestrito em sua inocência e de que, em sede recursal, lograr-se-à sua reforma, em prestígio à Justiça, reconhecendo-se sua legítima e verdadeira inocência, que restou patentemente demonstrada durante instrução processual".

Como denunciar violência contra a mulher

Mulheres que passaram ou estejam passando por situação de violência, seja física, psicológica ou sexual, podem ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 9610-0180.

Mulheres vítimas de estupro podem buscar os hospitais de referência em atendimento para violência sexual, para tomar medicação de prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente.

Se houver intuito de denunciar, a orientação é buscar uma delegacia especializada em atendimento a mulheres. Caso não haja essa possibilidade, os registros podem ser feitos em delegacias comuns.