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Zé Celso e Silvio Santos travam briga na justiça há mais de 40 anos

De Splash, em São Paulo

06/07/2023 10h10

Zé Celso, que morreu nesta quinta-feira (6), aos 86 anos, travava uma briga na justiça com Silvio Santos, 92, há 43 anos.

O que aconteceu?

A disputa judicial era relativa à área onde está localizado o Teatro Oficina, na cidade de São Paulo. O local, fundado em 1958, foi tombado em 1981 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) por ser uma referência artística e cultura.

Silvio Santos é dono de um terreno perto do teatro, no bairro do Bixiga, na região central da capital paulista. Desde o início da década de 1980, o apresentador pretendia construir um prédio para o Grupo Silvio Santos no local.

Zé Celso, fundador do Teatro Oficina, alegava que o edifício prejudicaria as atividades culturais e levou o caso para a Justiça.

O dramaturgo chegou a chamar Silvio Santos de 'inimigo público' do Teatro Oficina.

Sem Acordo

Silvio Santos e Zé Celso se reuniram em agosto de 2017 com o então prefeito de São Paulo João Dória e o vereador Eduardo Suplicy (PT) para tentar um acordo.

No entanto, o Teatro Oficina divulgou o vídeo com imagens da reunião em suas redes sociais, o que teria deixado o apresentador incomodado. A insatisfação levou Silvio Santos a tratar o assunto apenas na Justiça, sem mais envolver mediadores.

Zé Celso e Silvio Santos brigavam por terreno - Reprodução e Divulgação - Reprodução e Divulgação
Zé Celso e Silvio Santos brigavam por terreno
Imagem: Reprodução e Divulgação

O dramaturgo queria concluir o projeto criado por Lina Bo Bardi, que visava construir um parque cultura e público no entorno do Teatro Oficina. Entre as décadas de 1980 e 1990, a famosa arquiteta comandou uma reforma no interior do teatro.

Como Silvio Santos é dono dos terrenos em volta do local, não era possível desenvolver a obra do parque. No entanto, a partir do tombamento do local em 1981, não era permitido ao apresentador construir em volta do Teatro Oficina.

O dono do SBT não desistiu e, em 2017, conseguiu reverter na Justiça a decisão do Condephaat.

Na Justiça

Eduardo Tuma (PSDB) — prefeito em exercício em São Paulo em 2020 — vetou o projeto de lei de autoria do vereador Gilberto Natalini (PV) que permitia a construção do parque. À época, a prefeitura disse que o projeto vai além do poder do Executivo, então não poderia tornar lei.

Já em 2022, a Justiça proibiu a prefeitura de São Paulo de autorizar a construção do Grupo Silvio Santos, pois o empreendimento atingiria o rio que corre sob o terreno e o lençol freático, a quatro metros do solo. Foi considerado que o prédio causaria danos aos patrimônios históricos da cidade.

Presente de Casamento

Em 2023, quando Zé Celso casou com ator e diretor Marcelo Drummond, foi enviado um convite de casamento a Silvio Santos.

O casal pediu ao apresentador o terreno em volta do Teatro Oficina como presente de casamento."Acho que o melhor presente que o Silvio Santos pode dar a Zé e Marcelo é um acordo em forma da criação do parque do Rio Bexiga", disse o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) durante a cerimônia.

O pedido não chegou às mãos do empresário, pois ele não foi encontrado.

Em junho deste ano, a empresa Residencial Bela Vista, do qual o Grupo Silvio Santos é dono, entrou com uma liminar que impede qualquer tipo de ação no terreno, com multa de R$ 200 mil.

Zé Celso morreu sem ver uma resolução para o caso.

Zé Celso: criador do Teatro Oficina revolucionou as artes cênicas

Morre Zé Celso

Morreu hoje, dia 6 de julho, o dramaturgo José Celso Martinez, o Zé Celso, aos 86 anos. A informação foi confirmada por Splash pela assessoria e também nas redes oficias do Teatro Oficina.

O dramaturgo estava internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, após ter 53% do corpo queimado em um incêndio em seu apartamento. Após ser encaminhado para a UTI do hospital, Zé Celso foi sedado, entubado e, posteriormente, submetido à hemodiálise.

A principal suspeita é que o incêndio tenha ocorrido por um aquecedor elétrico na madrugada de 4 de julho. As chamas do fogo teriam se alastrado por peças de roupas, livros e outros objetos do apartamento do dramaturgo, localizado no Paraíso, na zona sul da capital paulista.

No hospital, Zé Celso recebeu visita de familiares e amigos, como a do deputado Eduardo Suplicy. Ele explicou que o dramaturgo teve queimaduras de terceiro grau nas costas, nádegas, ombros e no rosto.