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Teresa Cristina parou com lives após sofrer ataques racistas: 'Bem pesado'

Colaboração para Splash

28/06/2023 12h32

Outrora considerada a 'rainha das lives', a cantora Teresa Cristina, 55, expôs a razão de ter deixado de protagonizar transmissões virtuais abertas. A confissão foi feita durante a participação no programa Splash Entrevista, comandado por Zeca Camargo.

Teresa parou com as lives por conta dos ataques racistas que sofria de alguns internautas que a acompanhavam. "Passaram a me chamar de 'sua suja', 'sua macaca porca'... Umas coisas muito pesadas, nojentas", recorda. "Pensei: sou obrigada [a lidar com isso]? Não sou obrigada! Até porque eu não criei uma prisão, criei uma janela, com essa coisa da live. Não quero fazer para ficar [magoada]. Não vale a pena."

Algumas das ofensas proferidas contra ela pareciam ter referência política. "Ficavam [dizendo] 'vai para Cuba', 'a mamata da Lei Rouanet vai acabar'. [Mas] isso não me afetava. Meu amor, quem dera que eu tivesse mamata! Nunca tive nenhum dinheiro de patrocínio, de nada!"

Teresa acredita que, nos últimos tempos, pessoas preconceituosas têm se sentido mais à vontade para expor seus pensamentos retrógrados. "Essas pessoas - que não somente não gostam do diferente, mas produzem ódio, germinam ódio dentro de si - já existiam há muito tempo, mas eram muito envergonhadas. Não tinham coragem [de se expor]", analisa

Capa da Vogue

Em plena pandemia, Teresa Cristina foi surpreendida por um privilégio e tanto: ela foi capa da edição de julho de 2020 da revista Vogue Brasil, para a qual protagonizou um belo e significativo ensaio.

A cantora admite ter ficado honrada com a oportunidade. "Eu nunca imaginei que fosse ser capa da Vogue. Nem nos meus maiores sonhos, delírios... E olha que sou pisciana! Fiquei chocada [positivamente] com o resultado final [do ensaio]."

Mais do que a capa, é o 'recheio' da revista o que a fascinou mais. "Tem uma foto que eu amo, [em que] eu estava vestida de verde e rosa e ele [fotógrafo] disse: 'quero que você faça um altar'. Fiz um altar com Clementina de Jesus, Clara Nunes, Beth Carvalho... Vejo essa foto e me faz tão bem!", recorda.

Apesar do orgulho, Teresa confessa que não se sentia bonita o suficiente para estar nesse lugar. "Você passa tantos anos da sua vida sendo chamada de feia... E o pior não é nem você ser chamada assim. O pior é ver essa frase no olhar das pessoas."

Militância política

Na ativa desde 1995, Teresa Cristina sempre alçou sua voz contra o racismo - um problema que ela, infelizmente, conhece muito de perto.

No entanto, ela afirma que está farta das cobranças para ser referência constante no assunto. "Agradeço as oportunidades de entrevistas em que a pessoa [jornalista] conhece meu trabalho e vai me perguntar sobre milhões de outras coisas que não seja só 'racismo no Brasil'. Aí, vou ter a chance de dizer: 'sou uma artista, tenho algum talento'."

Teresa explica que não quer ser rotulada pela militância. "Teve um vídeo sobre racismo em que me marcaram, e um cara falou assim: 'por que a Teresa não está aqui, comentando?' Amor, eu tenho tanta coisa para falar! Me chama para falar de futebol, de música, de comida... De qualquer coisa! Eu estou cansada!"

Enveredar por um cargo político, inclusive, está longe das pretensões da artista. "Não tenho estômago. Não posso chegar a uma reunião e dar de cara [por exemplo] com a Damares [Alves], amor! Eu não saberia o que fazer! Não conseguiria estender a mão e falar 'boa tarde'", admite.