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Autora de Rebelde BR: ´Quase impossível reunir os seis para reviver algo'

De Splash, no Rio

02/05/2023 04h00

Autora da versão brasileira de "Rebelde", Margareth Boury, 66, acredita ser improvável a reunião profissional dos protagonistas da adaptação feita pela Record entre 2011 e 2012.

Perto do impossível a gente reunir os seis para reviverem alguma coisa. Não consigo imaginar os homens e mulheres maduros de hoje, que aqueles jovens se tornaram, cantando 'sou rebelde para sempre'. Posso estar enganada, não consigo ver.

"O Arthur tá falando por aí que vai ter show de Rebelde. Desculpa, mas não vai. Eles podem se reunir quanto Micael, Chay, Arthur, Sophia, Lua e Mel, mas é difícil. O que eles vão cantar?", questiona ela, que lembra um detalhe importante: para qualquer projeto retomando a série, o sexteto precisaria obter o direito do uso da marca.

Por "Arthur", registre-se, ela está falando sobre Arthur Aguiar. O ator e cantor, vencedor do BBB 22, disse em entrevista à revista Quem no início do mês que o sexteto discutiu essa possibilidade. "A gente conversou sobre isso recentemente, nós seis. Eu toparia, mas ainda não temos uma resposta definitiva. Pode ser que em breve a gente tenha uma resposta para dar", afirmou.

Micael Borges, Chay Suede, Sophia Abrahão, Lua Branco e Mel Fronckowiack compunham, junto com Arthur Aguiar, o sexteto de protagonistas de "Rebelde".

A novela brasileira ficou no ar na emissora entre 2011 e 2012 e foi lançada na esteira do sucesso da versão mexicana, sucesso retumbante no SBT anos antes. O anúncio de uma nova turnê do RBD, banda formada pelos integrantes mexicanos, atiçou a especulação dos fãs do grupo brasileiro.

'Fiquei assustada com a quantidade de gente'

Margareth lembra que repercussão da novela e da banda formada em 2011 a surpreendeu.

"Fui a muitos shows deles. O primeiro deles foi em Porto Alegre. Lembro que falei com o Ivan (Zettel, diretor) no avião: 'Nossa, que loucura começar em Porto Alegre, a Record não tem entrada na região'. Quando a gente saiu do aeroporto, tinha uma fila de gente para o show que seria de noite. Fiquei assustada com a quantidade de gente, meninas passando mal, gritos. Foi a hora que a ficha caiu."

Exigências da Record deixaram a novela mais "puritana". Margareth e o diretor Ivan Zettel foram até o México para conversar com Pedro Damián, idealizador da versão da Televisa — que, por sua vez, foi baseada na argentina 'Rebelde Way' —, mas a emissora brasileira bateu o pé e vetou cenas mais pesadas.

Não podia ter sexo, drogas, bebidas... Falei: 'gente, como vou fazer Rebelde assim?' Os fãs me cobravam na época: 'Quando eles vão transar?' Me sugeriram: 'Mas eles podem sonhar?' Eu disse que sim e coloquei todos para sonharem com sexo num capítulo.

"Esse puritanismo não tinha na mexicana. O personagem do João vendia papelote de cocaína no Elite Way no primeiro capítulo. A gente não podia. A mexicana era mais real. Famílias disfuncionais que criavam filhos rebeldes. O Diego foi difícil de adaptar porque ele bebia. Consegui liberar bebida desde que ele não aparecesse bebendo em cena e a consequência fosse imediata, como o pai descobrir logo ou bater o carro e ficar de castigo."

Margareth Boury assinou recentemente com o SBT - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Margareth Boury assinou recentemente com o SBT
Imagem: Reprodução/Instagram

Margareth diz que pediu para sair quando Record exigiu crianças em "Rebelde". "Me sentia muito cansada porque já estava há 3 anos nesse projeto — antes seria outra adaptação "Um gancho al corazón". Teve influencia de Carrossel ao colocar crianças, tiveram medo."

"Fui ao Hiran (Silveira, então diretor de dramaturgia do canal) chorando e disse que não ia conseguir criar a versão da Alice criança, a Roberta criança... Ele foi muito legal e me tirou da novela. Não queria nem fazer a supervisão da trama, até porque teve rejeição quando coloquei RPG com vampiros no início da segunda leva de capítulos. Tive que criar uma nova temporada do nada."

A primeira temporada anotou bons índices de audiência para emissora e foi considerada um sucesso, diferente da segunda. A trama chegou a ser encurtada após amargar baixos números no Ibope e perder para o SBT.

Nova empreitada no SBT

Margareth é a mais nova contratada do SBT para roteirizar os realities da emissora. Ela foi parar na emissora de Silvio Santos após a morte do seu pai, o diretor Reynaldo Boury, em dezembro de 2022 — ele foi um dos responsáveis por alavancar a teledramaturgia do canal em 2012 com "Carrossel".

"O (diretor Fernando) Pelégio me ligou logo depois que meu pai faleceu. Eu estava destruída porque meu pai era tudo para mim. Estava muito mal e ele me perguntou: 'o que nós podemos fazer por você?'. Respondi: 'Eu preciso trabalhar, estou sozinha em casa, só me lembrando do meu pai'. Além de ser uma empresa, quero deixar claro que o SBT é uma família, eles cuidam das pessoas."

"O velho sabia muito. Meu pai foi muito feliz lá. Trabalhou anos na Globo, na Tupi... Chegou no SBT para dirigir 'Amor e Revolução' (2011). Era apaixonado pelo que fazia e passou isso para a família inteira. Já tinha um carinho pelo SBT por tudo que fizeram com meu pai e depois da morte dele... O respeito que eles têm por ele ainda. Foi uma das pessoas responsáveis pelo que está acontecendo (na emissora)."

Em fevereiro, o diretor retomou o contato, Margareth aceitou a vaga e firmou um contrato temporário. Em abril, ela assinou a carteira de trabalho e foi anunciada como nova roteirista de realities do canal. Ela começa com a missão de escrever a nona temporada de "Bake Off Brasil"

"Foi um desafio novo que apareceu. Nunca fiz reality. É muito diferente. É um trabalho em equipe, sabe? É difícil descrever porque nunca tive um time trabalhando. Você tem colaboradores na novela, mas cada um fica no seu quadrado. Criar um programa em equipe é muito interessante. A equipe chefiada pela Maria Fernanda, a MaFe, é muito unida. Não estou fazendo média. Está me deslumbrando pela diferença e pelo companheirismo."

"Lógico que toparia escrever uma nova novela, eu adoro escrever. Mas estou bem no momento. Eu estou com 66 anos, topar um desafio com essa idade foi interessante e diferente. Se me chamam para escrever uma novela, eu já sei o processo. Eu tenho 42 anos de carreira. O reality é completamente desafiador, tirando o fato de você estar em uma emissora que se importa com você."